O presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso), Lucas Beber, afirmou nesta quinta-feira (10) que a taxação de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos pode gerar recessão inflacionária e encarecer produtos básicos no Brasil.

Com a inflação em alta, há risco de aumento da taxa básica de juros, encarecendo ainda mais o crédito rural
Segundo Beber, a medida causa grande preocupação ao setor em Mato Grosso, especialmente porque a tarifa sobre a carne bovina produzida no Estado pode impactar diretamente o valor de grãos usados na fabricação de ração.
“Se essas tarifas forem aplicadas, o impacto será principalmente nas exportações de carne, já que os Estados Unidos têm aumentado cada vez mais a importação de carne bovina e também de carne de frango. Isso interfere diretamente no preço da soja e do milho”, afirmou.
Por meio de nota, a Aprosoja declarou ver o cenário com preocupação e alertou para o possível impacto das tarifas na taxa básica de juros (Selic), o que agravaria ainda mais a situação do produtor rural.
“Com a inflação em alta, há risco de aumento da taxa básica de juros, encarecendo ainda mais o crédito rural, que já está entre os mais caros da história recente. Isso desestimula o produtor, que enfrenta margens negativas e uma das maiores crises do setor nos últimos 20 anos”, diz trecho da nota.
A preocupação teve início após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar por meio de uma carta, a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos exportados do Brasil.
Com a nova taxação, a carne bovina poderia sofrer um aumento significativo de preço, chegando a US$ 8.600 por tonelada, o equivalente a aproximadamente R$ R$ 48.110,12 (valor conforme cotação desta quinta-feira).
Para a entidade, esse aumento pode impactar diretamente a produção de grãos no Estado, já que a cadeia de proteína animal depende fortemente de insumos como soja e milho.
“O aumento nas exportações de carnes influencia diretamente o consumo de soja e milho, usados na engorda de aves, na suplementação nutricional com rações e no confinamento bovino técnicas cada vez mais utilizadas no Brasil”, explicou Beber.
Outro ponto destacado por Lucas Beber é o possível aumento no custo de produção, já que parte dos insumos essenciais ao setor agrícola como maquinários e combustíveis é importada dos Estados Unidos e pode sofrer alta nos preços.
“O agronegócio é responsável por 25% do PIB nacional e também é o setor que tem ofertado mais empregos no país no momento atual, e medidas como essa podem causar recessão e geração de desemprego’, afirmou.
Diante desse cenário, o presidente teme o aumento nos preços dos alimentos e uma nova recessão no país e pede para que o Governo brasileiro não responda as novas taxas com a lei da reciprocidade.
“A Aprosoja Mato Grosso pede ao Governo Federal, acima de tudo, cautela e diálogo, já que é um importante parceiro comercial para o Brasil e isso vai influenciar fortemente nos produtos agrícolas brasileiro, como a carne, a soja, o milho e até mesmo o café e o suco de laranja, no qual os Estados Unidos é o maior importador e o Brasil é o maior produtor e exportador desses alimentos”.
“É uma situação delicada, que pode causar uma recessão ainda mais forte no Brasil, uma pressão inflacionária e, acima de tudo, gerar desemprego e aumento no preço dos alimentos. O custo do prato do brasileiro vai subir”, alertou.
Veja
Veja nota
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) manifesta preocupação com o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre tarifas adicionais de 50% a produtos brasileiros. A medida, se implementada, pode ter efeitos profundos no campo e na mesa dos brasileiros.
Os EUA são um parceiro estratégico do Brasil, principalmente no setor agropecuário. Exportamos carnes, café, suco de laranja, etanol de milho e aeronaves da Embraer, que dependem de peças americanas. O aumento nas exportações de carnes influencia diretamente o consumo de soja e milho, já que a a engorda de aves e suplementação nutricional com rações , e o confinamento bovino e são cada vez mais utilizados no Brasil.
Importamos dos EUA combustíveis prontos, como óleo diesel, gasolina e nafta, essenciais para a produção agrícola e o transporte de alimentos, desde a lavoura até os centros de distribuição. Um encarecimento desses insumos elevará os custos de produção e poderá impactar os preços dos alimentos, agravando a inflação.
Também importamos máquinas agrícolas de alta tecnologia e componentes como chips, processadores e sistemas avançados, fundamentais para a competitividade do agro brasileiro. Barreiras comerciais podem dificultar esse acesso e travar a inovação no campo.
Com a inflação em alta, há risco de aumento da taxa básica de juros (Selic), encarecendo ainda mais o crédito rural, que já está entre os mais caros da história recente. Isso desestimula o produtor, que enfrenta margens negativas e uma das maiores crises do setor nos últimos 20 anos.
O agronegócio representa cerca de 25% do PIB e é o setor que mais cresce na geração de empregos no país. Prejudicá-lo é penalizar diretamente o interior do Brasil, que depende da força do campo para manter sua economia girando.
Além disso, Trump deixou claro que, se o Brasil retaliar com tarifas, o valor será somado aos 50% já impostos, aumentando o risco de retaliações ainda mais severas.
A Aprosoja Mato Grosso, como entidade político-classista, defende seus produtores e alerta que os efeitos dessa guerra comercial podem recair sobre toda a sociedade: com alimentos mais caros, transporte pressionado, inflação elevada e perda de competitividade do setor produtivo.
Conflitos que não são nossos não podem gerar prejuízo aos brasileiros. É hora de buscar, com urgência, o caminho do diálogo diplomático.
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