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Casa MinC promove debate sobre legado literário de Leminski e políticas públicas — Ministério da Cultura



A Casa MinC, espaço institucional do Ministério da Cultura na 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), apresentou, nesta quinta-feira (31), a mesa 40 anos do MinC e 80 anos do Leminski. O debate fez parte da programação especial que celebra as quatro décadas de criação da Pasta e reforça seu compromisso histórico com a promoção do acesso à cultura e à literatura no Brasil.
O encontro contou com a participação de Áurea Leminski, filha do poeta homenageado desta edição da festa literária, Paulo Leminski, que completaria 80 anos em 2025.
Durante a conversa, Jéferson Assumção, diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas da Secretaria de Formação Artística e Cultural, Livro e Leitura (Sefli), ressaltou a importância do encontro e a simbologia deste ano para a cultura brasileira. “Foi muito importante o Ministério da Cultura receber a família do Paulo Leminski — Áurea Leminski, Estrela Leminski e Alice Ruiz — participando de uma celebração da importância da literatura do poeta”.
O diretor da Sefli ainda chamou atenção para a obra em prosa de Leminski, especialmente Catatau, que completa 50 anos em 2025. “São 40 anos de MinC, 80 anos de Leminski e 50 anos desse livro, que é uma experiência fundamental para qualquer leitor pela sua exigência, qualidade e pela perspectiva tão rica que ele traz sobre o Brasil e sobre a linguagem”, completou.
Segundo a escritora, professora e coordenadora-geral de Livro e Literatura da Sefli, Andressa Marques, que também mediou a mesa, foi “uma oportunidade muito bacana de trazer uma discussão sobre o poeta homenageado pela 23ª Flip, nesse momento também comemorativo para o MinC e para a democracia em si”.
Ela também destacou o trabalho de Áurea Leminski e do Instituto Leminski, que atua na divulgação das obras e na preservação da memória do poeta por meio de novas edições, mostras, filmes e outras linguagens artísticas.
“O Leminski é um poeta muito importante para a literatura brasileira, não só por ter sido tão genial, mas por uma noção muito bonita que ele construiu de poesia, de democratização dessa poesia. Sua linguagem concisa, simples, limpa e, ao mesmo tempo, tão bonita, nos faz pensar sobre o cotidiano e nossas experiências por meio de uma construção estética que abre horizontes”, afirmou.
O debate também trouxe reflexões sobre o legado de Leminski para a literatura brasileira e a importância de se pensar políticas públicas para o fortalecimento da leitura, da escrita e do livro como direitos fundamentais da cidadania. Também foram discutidos os avanços e desafios enfrentados ao longo dos 40 anos de existência do Ministério da Cultura, ressaltando a relevância de mecanismos como a Lei Rouanet para a democratização do acesso à produção cultural.
A Casa MinC segue com programação em Paraty até sábado (2), com mesas de debate, que integram diversas secretarias e instituições vinculadas à Pasta, celebrando a diversidade cultural brasileira e a potência transformadora da cultura.
O Brasil das Artes na Flip
Em paralelo, ocorreu a mesa o Brasil das Artes – políticas de acesso para a leitura e invenção de mundos. A mediação foi do gestor da Fundação, Glauber Coradesqui. 
A presidenta da Fundação Nacional das Artes (Funarte), Maria Marighella, apresentou, para o público, a cartilha com o texto-base, detalhou as ações e apresentou os próximos passos. “Em 2023, quando o Governo recria o Ministério da Cultura, faz isso com a atribuição de construir a sua política cultural, mas também pela primeira vez na história do país com a responsabilidade de construir uma política nacional das artes. Isso é absolutamente inédito, nunca houve. E nesse ministério renascido e revivido, também os artistas e as artes brasileiras renascem como parte fundamental de reivindicação de democracia, soberania e um sistema que coloca o Brasil num outro, reequilibrando um sistema de valores que garantem ao Brasil uma identidade muito própria, uma voz muito própria”. 
Para o secretário de Formação Artística e Cultural, Livro e Leitura (Sefli), Fabiano Piúba, o encontro entre as políticas da cultura e da educação é estratégico e se relaciona com a implementação das políticas das artes para avançar na presença da cultura das salas de aula. “Lembro, em 2023, quando o presidente Lula sancionou a política do ensino integral nas escolas de tempo integral, ele disse lá no discurso, palavras que me impactaram muito: escola do Tempo Integral não é para o aluno estar preso o tempo todo dentro da escola, e citou da importância de as escolas terem piscina, laboratório e teatro. Esse programa tem o eixo entrelaçar. E dentro desse eixo entrelaçar, tem o entrelaçar a cultura”, explicou o gestor do MinC.  
A professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Rita Aquino, que realiza estudos sobre a pauta, falou sobre a importância da experiência e do acesso, e explica que a compreensão da arte como um direito, ela modifica a compreensão do tema. “A arte não está voltada estritamente a um segmento, a um grupo, a um setor, mas ela precisa ser vivenciada como uma condição fundamental de construção de cidadania. Então, assim, a dimensão do acesso, na nossa compreensão, ela vai avançar nessa direção. E ela não é algo que esteja dado, que esteja garantido. O acesso, ele precisa ser fomentado, ele precisa de intencionalidade”. 
Também docente na instituição, Beth Rangel, ressaltou a importância da arte como experiência dentro das escolas de tempo integral.  “Uma sintomia muito em 2023 quando a Funarte convida a UFBA para estar atuando nesse processo da política nacional das artes. E da importância do acesso. Daí cito as escolas de tempo integral. E como podemos estimular, as escolas a trabalharem na perspectiva de terem experiências artísticas, experiências estéticas nesse tempo expandido”, destacou a professora. 



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