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Reinados, Congados e Congadas recebe certificado de Patrimônio Cultural do Brasil — Ministério da Cultura



Cerca de 90 representantes das Irmandades do Rosário, Reinados e Guardas de Congado de diversas regiões de Minas Gerais receberam, neste domingo (24), o documento que reconhece a prática como Patrimônio Cultural do Brasil. A cerimônia foi realizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Parque Municipal de Belo Horizonte (MG). 
A ação integrou a programação do Festejo do Tambor Mineiro e da Virada Cultural de BH, e contou com a presença de dirigentes do Ministério da Cultura (MinC).
“Vocês são uma inspiração para a construção de políticas para que o nosso povo tenha seus direitos garantidos. É a cultura brasileira que mantém a soberania nacional”, afirmou a secretária de Articulação Federativa e Comitês de Cultura (SAFC) do MinC, Roberta Martins.
Representando o Iphan, o diretor substituto do Departamento de Patrimônio Imaterial, Deyvesson Gusmão, falou sobre o longo caminho para a conclusão do processo de registro, iniciado em 2008, e que engloba, além de Minas Gerais, Goiás e São Paulo. 
“A gente não consegue fazer política de patrimônio sem os detentores e sem a articulação com outros órgãos. A salvaguarda precisa da parceria dos congados”, afirmou, destacando a importância de reconhecer o patrimônio cultural afrobrasileiro e cultivar valores que os congados trazem.
Também presente no Festejo, a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, destacou a importância do reconhecimento para fortalecer os grupos em todo país. “É fundamental ter financiamento público para ajudar a tocar as guardas de reinado e congado”, ressaltou.
Integrantes do Escritório Estadual do MinC em Minas Gerais e do Comitê de Cultura no estado também participaram da cerimônia.
Rosário
Importantes manifestações das culturas tradicionais e populares, os Reinados, Congados e Congadas se tornaram oficialmente Patrimônio Cultural do Brasil no dia 18 de junho de 2025. O registro desse bem no Livro dos Saberes foi aprovado, por unanimidade, na 109ª reunião do Conselho Consultivo do Conselho Consultivo do Iphan.
O novo patrimônio cultural brasileiro é um conjunto diversificado de saberes da ancestralidade afro-brasileira que são atualizados por meio da devoção ao Rosário. Essas tradições atravessaram mais de 300 anos de história, chegando ao século 21 com transformações e ressignificações, mas sempre mantendo uma identidade fundamental: a ancestralidade de matriz africana com canto, ritmo e dança.
Na maior parte das vezes, há a coroação de reis e rainhas congos (ou do Congo) como parte principal de um festejo que, ao longo de dias, cumpre alvoradas, levantamento de bandeiras, rezas, cortejos e missas.
Capitão regente e presidente da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Justinópolis, em Ribeirão das Neves (MG), Dirceu Pereira reverenciou a luta de seus ancestrais, desde a primeira associação, passando pela Federação Mineira de Congadeiros, em 1950, até chegar aos dias de hoje. “Esperamos por este momento por muitos anos”, afirmou. 
Já a Rainha de Nossa Senhora das Mercês da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá, a mais antiga da capital mineira, Leda Martins, lembrou que a luta por essas causas tem 500 anos. “Cabe a nós não deixar morrer a tradição de nossos ancestrais e levar adiante o legado que, de graça, recebemos”, concluiu.



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