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Cine Alvorada recebe sessão de A Melhor Mãe do Mundo com Anna Muylaert e elenco — Ministério da Cultura



O Cine Alvorada abriu suas portas, nesta quarta-feira (10), para a exibição de A Melhor Mãe do Mundo, mais recente longa-metragem da diretora Anna Muylaert. A sessão contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da primeira-dama Janja Lula da Silva, da ministra da Cultura, Margareth Menezes, além de outras autoridades, artistas e membros da equipe do filme.
“Esse filme mostra a história de como os pobres deste país sempre foram tratados como invisíveis — em alguns casos, como desprezíveis — só porque reivindicam saúde, vida e direitos básicos”, reforçou o presidente.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, ressaltou a importância de exibir um filme que dialoga diretamente com temas urgentes da sociedade brasileira. “A Melhor Mãe do Mundo é um filme muito especial, que fala sobre uma mãe pobre, uma mulher negra, que cria os filhos a partir do trabalho da reciclagem. É uma obra que aborda temas sensíveis, mas também retrata a força dessa mulher, que vence dificuldades para dar o melhor aos filhos. É um filme com uma grande mensagem de resistência, de luta e de fé”, salientou.
Entre os convidados da sessão, mulheres representantes de cooperativas do Distrito Federal.
“Aqui já subiram príncipes, presidentes de várias nações, mas nunca havia subido um catador de papel. Hoje, vocês estão aqui, e isso me enche de orgulho”, exaltou o presidente Lula.
Na oportunidade, a primeira dama, Janja Lula da Silva, também destacou a ligação histórica de Lula com os catadores. “Essa noite é uma homenagem a todas as mulheres catadoras de materiais recicláveis, que representam 70% da categoria. Além de sustentar suas famílias, elas realizam um trabalho ambiental de enorme relevância. Muito obrigada por vocês existirem, o mundo agradece o trabalho de vocês”.
A diretora do filme se emocionou ao falar sobre a inspiração da obra e a luta coletiva que a tornou possível. “Pra mim, o presidente Lula é a maior figura histórica desses últimos vinte anos. O que parece ser apenas uma mudança pequena em sua trajetória, no futuro se revelará como um desvio de quilômetros. Sempre estar ao lado dele é uma honra, e esse filme nasce dessa força”, comentou.
O evento recebeu parte do elenco e da produção, incluindo Shirley Cruz, Seu Jorge, Luedji Luna, Rihanna e Benin, além da própria diretora. A noite reforçou a vocação do Cine Alvorada como espaço de encontro entre o cinema brasileiro e políticas culturais de valorização da produção nacional.
Seu Jorge, que interpreta Leandro no longa, afirmou estar honrado com a sessão especial de A Melhor Mãe do Mundo no Cine Alvorada e caracterizou a obra como “uma história brasileira extremamente importante e potente”.
“Estar aqui, na casa do presidente, que entende a arte, a educação e a cultura como potências interligadas, é a sensação de missão cumprida”, comemorou Shirley.
Sobre o filme
O longa narra a trajetória de Gal, uma mulher preta e catadora de recicláveis que, ao fugir de um relacionamento abusivo, parte pelas ruas de São Paulo com seus filhos pequenos em busca de dignidade e sobrevivência.
Protagonizado por Shirley Cruz e Seu Jorge, o filme já conquistou reconhecimento internacional após estrear no Festival de Berlim, acumulando prêmios de roteiro, direção e atuação. Para a diretora Anna Muylaert, conhecida por obras como Que Horas Ela Volta, a produção amplia o debate sobre maternidade, desigualdade social e violência doméstica.
A intérprete de Gal destacou que o papel chegou como uma realização aguardada ao longo de sua carreira. “Eu esperei 25 anos pela Gal. Eu represento uma catadora de reciclado, mulheres dignas, maravilhosas, responsáveis por não vivermos num mar de lixo. O filme discute muitas coisas, mas tem como carro-chefe a violência contra a mulher. É um chamado, um grito, feito para tocar o coração”, afirmou Shirley.
“Nos unimos contra a misoginia, contra o machismo estrutural, contra o racismo estrutural. O resultado é um filme que fala sobre a dignidade do trabalho, sobre a mãe, sobre a Mama África. De todos os meus filmes, esse é o mais político. E eu dedico esta sessão a Dona Lindu, mãe do presidente Lula, pela coragem que inspira tantas mulheres”, relatou Anna.
Para Luedji Luna, que interpreta Valdete, prima da protagonista, o filme é uma oportunidade de colocar holofote em histórias silenciadas. “A Ana tem como principal característica jogar um farol nesses corpos invisíveis. Ela traz como protagonismo a história de mulheres. A Gal é a história de muitas de nós, de muitas mulheres brasileiras, tendo São Paulo como pano de fundo. É um filme com muitas camadas, que trata da violência doméstica e da maternidade periférica, sobretudo de mulheres negras e catadoras”, evidenciou.
“Foi uma experiência muito legal pra mim, porque não é todo mundo que pode ter essa oportunidade”, comentou o pequeno Benin, de 7 anos, que vive Benita na trama, filho da protagonista.
Rihanna Barbosa, de 13 anos, interpreta a filha de Gal e trouxe a sua perspectiva sobre o longa-metragem: “Foi muito legal contracenar com essas pessoas maravilhosas, que são uma família pra mim. O filme é espetacular e muito emocionante”.
O Cine Alvorada
Criado como parte das ações de valorização do audiovisual brasileiro, o Cine Alvorada transforma o Palácio da Alvorada em um espaço de exibição de filmes nacionais, reunindo artistas e autoridades. A iniciativa reforça o compromisso do governo federal com a democratização do acesso à cultura e com a promoção do cinema como instrumento de reflexão, diversidade e identidade nacional.
Desde sua retomada, em novembro de 2023, o projeto tem exibido produções premiadas e contemporâneas, abrindo espaço para debates sobre temas sociais e culturais de relevância para o país. Os filmes Saudosa Maloca, Ainda Estou Aqui, O Último Azul e O Agente Secreto já tiveram sessões especiais na Alvorada.
No último sábado (6), aconteceu a exibição de Malês, longa-metragem dirigido por Antônio Pitanga que retrata a Revolta dos Malês, ocorrida em 1835, em Salvador/BA. Durante a cerimônia, a atriz Camila Pitanga, que participa do filme, recebeu a Ordem do Mérito Cultural (OMC).



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