Início NACIONAL Qualquer agressão à Rússia será ‘respondida de forma decisiva’

Qualquer agressão à Rússia será ‘respondida de forma decisiva’


O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou neste sábado, durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU, que qualquer agressão contra o país será “respondida de forma decisiva”. Apesar do tom de ameaça, ele declarou que Moscou segue aberto a negociações sobre a guerra na Ucrânia. Em relação ao Irã, que volta a sofrer sanções econômicas e militares por conta de seu programa nuclear após um hiato de 10 anos, ele acusou o Ocidente de “boicotar a diplomacia”.

— Como o presidente Vladimir Putin enfatizou repetidamente, a Rússia foi e permanece aberta a negociações sobre a eliminação das causas principais do conflito com a Ucrânia. A segurança da Rússia e seus interesses vitais devem ser garantidos de maneira confiável. Até agora, nem Kiev nem seus patrocinadores europeus parecem perceber a gravidade da situação, ou dispostos a negociar honestamente — afirmou Lavrov.

O ministro também condenou a guerra em Gaza, afirmando que “não há justificativa para os assassinatos brutais da população civil da Palestina”.

— A Rússia condenou firmemente o ataque dos militantes do Hamas a civis israelenses em 7 de outubro de 2023. No entanto, não há justificativa para os assassinatos brutais da população civil da Palestina. Também não há justificativa para a punição coletiva de palestinos na Faixa de Gaza, onde crianças estão morrendo pelos bombardeios e pela fome — afirmou.

A Otan está estado de alerta permanente em relação à Rússia após as incursões aéreas do país nos espaços de Polônia e na Estônia. Moscou, no entanto, nega que seus aviões tenham entrado no espaço aéreo estoniano e afirma que os drones não tinham como alvo a Polônia. Mas os líderes europeus veem os incidentes como movimentos intencionais e provocativos, com o objetivo de abalar a Otan e avaliar como a aliança responderá.No discurso, Lavrov afirmou que a “Rússia não tem intenção de atacar a Otan”.

— A Otan continua a se expandir para nossas fronteiras. Propomos repetidamente que respeitem seus compromissos e concordem em garantias de segurança legalmente vinculativas. Qualquer agressão contra meu país será recebida com uma resposta decisiva — disse o chanceler russo.

O discurso acontece quatro dias após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar acreditar que a Ucrânia pode reconquistar todo o território perdido para a Rússiaà na guerra. Foi uma mudança notável de tom para quem havia sugerido, anteriormente, que Kiev precisaria fazer concessões em relação às áreas ocupadas por Moscou desde a tomada da Península da Crimeia em 2014.

Na noite da última quinta-feira, o principal diplomata russo acusou a Otan e a União Europeia de usar a Ucrânia para deslanchar uma “guerra real” contra seu país, em um discurso na mesma ONU após reunião extraordinária de ministros das Relações Exteriores do G20.

O discurso de Lavrov na Assembleia Geral do ano passado fora um duro golpe contra o Ocidente , incluindo referência à “falta de sentido e perigo da própria ideia de se tentar lutar pela vitória enfrentando uma potência nuclear, caso da Rússia”.

Escalada de tensões com a Otan

As tensões aumentaram no flanco leste da Europa, após a Estônia acusar Moscou de enviar três caças para seu espaço aéreo, uma semana depois que jatos da Otan derrubaram drones russos no espaço aéreo polonês.

Em declarações a repórteres no Salão Oval na última quinta-feira, Trump expressou decepção com as ações do presidente Vladimir Putin e disse que Moscou estava se saindo mal na guerra na Ucrânia. Apenas três semanas antes, o presidente russo Vladimir Putin dissera que seu país e os EUA tinham um “entendimento mútuo” e que Washington “está nos ouvindo”.

A reviravolta de Trump se deu após seu encontro com Volodymyr Zelensky, à margem da Assembleia Geral, na última terça-feira. No dia seguinte, durante seu discurso, o presidente ucraniano afirmou ter tido “uma boa reunião” com Trump.

As sanções da ONU contra o Irã foram restabelecidas neste sábado após o fracasso das negociações entre vários países europeus, que exigem garantias sobre o programa nuclear do país, e Teerã, que considera a decisão ilegal. Reino Unido, França e Alemanha, o grupo de países denominado E3, ativaram o mecanismo de “snapback” no final de agosto, que permite o restabelecimento, em até 30 dias, das sanções suspensas em 2015 após um acordo sobre o programa nuclear iraniano.

A Rússia, ao lado da China, buscou ao menos adiar o prazo do retorno das sanções, com medida no Conselho de Segurança, mas sem sucesso. As penalidades vão desde um embargo total de armas a medidas econômicas severas e atingem um aliado central de Moscou. Lavrov criticou o que classificou de “boicote diplomático do Ocidente” a Teerã.



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