O presidente Lula afirmou, durante declaração à imprensa ao sair da Indonésia, que pode conversar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre os ataques americanos na costa da Venezuela e a ameaça de incursões terrestres.
Segundo o brasileiro, Rússia também pode ser um assunto ‘colocado na mesa’.
‘Se o presidente Trump quiser discutir qualquer outro assunto, Rússia, Venezuela, sabe, eu estou aberto a discutir qualquer assunto. O que é importante é o seguinte: nós não temos veto a nenhum assunto. Qualquer assunto que for colocado na mesa, a gente vai discutir’, afirmou.
Ele também criticou os ataques recentes, sem citar diretamente o presidente americano, dizendo que se a ‘moda pega e o mundo virar uma terra sem lei, vai ser muito difícil’:
‘Você não está aí para matar as pessoas, você está para prender as pessoas. Antes de punir alguém, é preciso julgar, ter provas. Você não pode simplesmente dizer que vai invadir o território de outro país. É preciso respeitar a Constituição, a autodeterminação dos povos e a soberania territorial’
‘Se a moda pega, cada um acha que pode invadir o território do outro para fazer o que quer. Onde é que vai surgir a palavra respeitabilidade à soberania dos países? Então eu pretendo discutir esses assuntos com o presidente Trump, se ele colocar na mesa’, completou.
O presidente Lula admitiu que o acordo com os Estados Unidos pode não ser fechado na reunião com Donald Trump, prevista para domingo (26), na Malásia. Ele desembarcou em Kuala Lumpur, onde vai participar da Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático.
O presidente Lula reafirmou que vai pedir a revisão das tarifas e a retirada das sanções a autoridades brasileiras, mas admitiu que o acordo pode não ser imediato.
‘O Brasil tem interesse em recolocar a verdade na mesa, mostrar que os Estados Unidos não são deficitários, portanto não tem explicação a taxação feita ao Brasil. Também não tem explicação a punição de ministros nossos, a personalidades públicas brasileiras, porque eles não cometeram nenhum erro, eles estão cumprindo a Constituição do meu país’, disse.
Lula também colocou que três ministros seus estão envolvidos em negociações com os EUA. São eles, o vice-presidente Geraldo Alckmin (ministro da Indústria e Comércio), Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).
Lula chega na Malásia para cúpula da ASEAN. — Foto: Ricardo Stuckert / PR
A equipe de Trump ainda não confirmou oficialmente o encontro na agenda oficial. Apesar disso, há um espaço aberto durante o período da tarde, no horário local, justamente que poderia ser usado para o encontro.
Presidente Lula na Indonésia — Foto: Ricardo Stuckert / PR
O petista chegou na Indonésia nessa quarta-feira (22) para uma visita a alguns países do Sudeste Asiático. Ele se encontrará com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no domingo (26) para falar sobre as tarifas adicionais americanas de 40% contra o Brasil.
A reunião deve ocorrer às 18h, no horário local — o que corresponde à manhã de domingo pelo horário de Brasília. Segundo fontes do Itamaraty, Lula reservou o dia para encontros bilaterais e também deve se reunir com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
A expectativa é de que Lula volte a pedir uma revisão do tarifaço de 40% imposto por Trump sobre produtos brasileiros. A situação da Venezuela, em meio aos recentes ataques e sanções do governo norte-americano, também deve entrar na pauta.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acredita que o encontro entre Lula e Donald Trump pode reverter o tarifaço.
Na cúpula da Asean, a posição brasileira será a de ‘parceiro de diálogo setorial’. Com isso, não terá uma presença direta no encontro, mas em algumas reuniões paralelas.
Atualmente, dez países fazem parte da associação: Brunei, Camboja, Laos, Indonésia, Malásia, Tailândia, Mianmar, Filipinas, Singapura e Vietnã. O Timor-Leste deve entrar também ainda neste ano.
Além disso, Lula assinará diversos acordos bilaterais, como na Malásia, nesta sexta-feira (24), onde justamente ocorrerá a cúpula.
Reuniões com outros chefes de estado também estão programadas.
Compõem a delegação brasileira, ao lado de Lula, os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira; da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro; de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos; de Minas e Energia, Alexandre Silveira; e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.




