Início GERAL “Achei que estava morto!”, diz advogado alvo de atentado em MT

“Achei que estava morto!”, diz advogado alvo de atentado em MT



O advogado José de Oliveira, de 58 anos, contou ao MidiaNews os momentos de terror que viveu ao ser emboscado por um pistoleiro em uma estrada rural de Paranatinga (a 375 quilômetros de Cuiabá), na tarde da última terça-feira (11). A vítima estava em uma SW4 preta blindada e, só por isso, sobreviveu.
 

Achei que estava morto! Quando cheguei no posto, vi que os tiros não passaram pela blindagem do carro

“Achei que estava morto! Quando cheguei no posto, vi que os tiros não passaram pela blindagem do carro. Mas, se o carro não fosse blindado, eu estaria morto. Quem atirou, atirou com propriedade e, em nenhum minuto, perdeu o alvo, mesmo eu mexendo com o carro”, disse.
 
Oliveira mora em São Paulo, mas atua há mais de 10 anos em casos de direito agrário em Mato Grosso, especialmente no município de Nova Xavantina. “Pelo trabalho sério que a gente desenvolveu em Nova Xavantina, outras pessoas conheceram e começaram a contratar, e aí eu comecei a advogar em Campinápolis e Paranatinga”, afirmou.
 
O advogado hoje atua em dois processos de disputa de terras no município de Paranatinga e, apesar de acreditar que sua atividade profissional seja o motivo do ataque, ele não sabe precisar qual caso poderia ser o pivô.

 
“Pelo histórico que eu tenho de processos, ficaria muito visível se fosse algum caso de Paranatinga. Em Xavantina tenho uma demanda que envolve mais de 50 ações possessórias. Hoje as pessoas monitoram, não tem como saber se é de um caso de Paranatinga ou de Xavantina”, disse.
 
“Já veio o primeiro tiro”
 
Oliveira contou que, na tarde daquela terça-feira, resolveria pendências dos dois casos em que atua em Paranatinga.
 
Após resolver a primeira pendência, enquanto estava a caminho da segunda, foi emboscado por um homem armado na estrada.

Arquivo pessoal

SW4 blindada do advogado José de Oliveira, após ataque

 
“Quando eu entrei na estrada da fazenda, passei pela segunda ponte, o carro já estava estacionado na diagonal, esperando. Quando eu vi o carro na diagonal, um rapaz em pé, atrás do capô, de frente pra mim, eu já parei. Quando eu parei, já veio o primeiro tiro, o segundo tiro, aí só foi tempo de engrenar a marcha à ré, subir no barranco e sair de lá. Saí de lá sem olhar pra trás”, afirmou.
 
Oliveira conta que o homem não usava capuz, apenas um óculos de sol e, sem barba, aparentava ter entre 35 e 45 anos. O carro, ele não sabe dizer com certeza, seria um Golf ou um Gol, de cor prata.
 
Após o atentado, Oliveira pediu auxílio em um posto de combustíveis e foi socorrido. “Eu pensei que teria um infarto, não conseguia ficar em pé, um amargo na boca, terrível, não conseguia levar um copo d’água à boca. Quando cheguei no pronto-socorro, a minha pressão estava em 16 ou 17”, disse.
 
“Eu não sei se, no trajeto, eles me passaram, não me lembro de ter visto um carro daquele me passar. Mas moradores disseram que tinha uma Hilux preta atrás de mim quando eu passei e, quando eu fui tirar as fotos da fazenda, eu vi uma Hilux preta, cabine simples, parada na rodovia, mas não desconfiei”, disse.
 
O veículo foi atingido por pelo menos quatro disparos, que acertaram o para-brisa e o capô. “Sempre comprei carro blindado, é um investimento que hoje eu vi que sempre valeu a pena”.
 
Disputas por terras
 
Atualmente, o advogado atua em dois processos de disputa por terras no município de Paranatinga, que envolvem propriedades avaliadas em R$ 9,5 milhões e R$ 20 milhões.
 
Um dos casos gira em torno de uma fazenda que pertenceu a um casal. Após a morte do marido, a propriedade foi dividida: metade ficou com a viúva, hoje com quase 80 anos, e a outra metade com a filha do casal.
 
Aconteceram uma série de conflitos familiares e até uma medida protetiva solicitada pela idosa contra a filha. A situação se agravou quando a mãe decidiu vender sua parte do imóvel a um terceiro – cliente do advogado, que já pagou metade do valor acordado.
 

Quando eu parei, já veio o primeiro tiro, o segundo tiro, aí só foi tempo de engrenar a marcha à ré, subir no barranco e sair de lá

A filha e os atuais arrendatários das terras entraram com uma ação pelo “direito de preferência”, e agora disputam o direito de compra da propriedade.
 
O outro processo envolve uma propriedade rural adquirida há cerca de cinco anos. Após a vistoria e compra, o homem investiu em benfeitorias, construiu estruturas e iniciou atividades agrícolas.
 
Recentemente, surgiram supostos herdeiros do “verdadeiro” proprietário da área, reivindicando a posse. O grupo ingressou com um pedido de liminar, que foi negado pela Justiça.
 
Apesar do susto que passou, Oliveira diz não pensar em deixar nenhum dos casos em que está atuando.
 
“Em hipótese alguma eu vou abandonar nenhum caso. Medo a gente sempre tem, mas a gente que trabalha com seriedade… Eu nunca vi o mal vencer o bem. Assustou? Assustou, fiquei muito desesperado, mas não penso em abandonar nenhum caso”.
 
Ele aproveitou ainda para agradecer a atuação da Polícia de Paranatinga. “Um trabalho exemplar, de seriedade”, disse.
 
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