As políticas culturais do Governo Federal registram ampla aprovação entre os brasileiros, segundo a Pesquisa Nacional sobre Cultura no Brasil, lançada nesta sexta-feira (5) pelo Ministério da Cultura durante o Mercado das Indústrias Criativas (MICBR) + Ibero-América 2025, em Fortaleza (CE). O levantamento mostra que as Leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc têm 73% de aprovação, os CEUs da Cultura chegam a 81% e a Lei Rouanet é aprovada por 66% da população. Para 53% dos entrevistados, essas ações melhoram a imagem do Governo Federal.
Para a ministra da Cultura, Margareth Menezes, a pesquisa tem valor estratégico para a construção e direcionamento das políticas culturais da Pasta. “Essa pesquisa é muito importante para nós, porque nós chegamos e não tínhamos nada. O setor da cultura era um deserto de informação. A importância de termos os dados é para entendermos o que é que o povo pensa, o que é que o povo precisa. Só assim a gente pode melhorar as nossas políticas”, destacou durante a cerimônia de lançamento.
A pesquisa, encomendada pelo Ministério da Cultura e realizada pelo Instituto Nexus, é um panorama sobre o consumo brasileiro da cultura, além de trazer números sobre as barreiras de acesso e a percepção da sociedade sobre as políticas culturais da gestão federal.
Foto: Victor Vec/ MinC
A solenidade contou com a participação do secretário-executivo do MinC, Márcio Tavares, da secretária de Cultura do Ceará, Luisa Cela, do diretor de Estudos e Monitoramento do Insituto Nexus, André Jácomo, e da chefe da Assessoria Especial de Comunicação Social do MinC, Gabriella Gualberto.
A avaliação do governo e do Ministério da Cultura
A atuação das prefeituras é a mais visível para a população: 27% a veem como o principal agente de fomento à cultura, seguido pelo Governo Federal (25%). Sobre a prioridade da pauta no governo atual, 53% acreditam que a cultura ocupa um espaço relevante na agenda, enquanto 36% avaliam que não.
A atuação do Ministério da Cultura desde 2023 recebe avaliação predominantemente regular (42%), com 37% de avaliações positivas (ótimo/bom) e 18% negativas (ruim/péssimo). As políticas culturais do governo federal melhoram a imagem do governo para 53% dos cidadãos, e para 49% essas ações aproximam o governo do povo.
“Para nós, a grande notícia dessa pesquisa é saber que o povo tem sentido a mudança no acesso à cultura, que é um direito que está na Constituição. E a gente vem buscando cumprir esse direito, tanto para quem produz quanto para quem consome”, afirmou a ministra durante o evento de lançamento.
A visão ampla sobre cultura e o consumo digital
Para os brasileiros, cultura é um “conjunto de valores, crenças, hábitos, comportamentos, tradições e costumes que formam a identidade e a história de um povo”, como pontuaram participantes dos grupos focais qualitativos da pesquisa. O consumo, no entanto, é massivo em formatos de fácil acesso. Segundo os dados, 53% da população ouve música e 52% assistiram a filmes, atividades tecnicamente empatadas no topo do ranking, seguidas por séries (40%) e novelas (32%).
O celular é o dispositivo central para o consumo, citado por 62% dos entrevistados como o principal meio de acesso à cultura. A televisão mantém relevância histórica, com 53% das menções, seguido pelo rádio (9%) e o computador (8%). Quando questionados sobre serviços de streaming de vídeo, a Netflix domina o cenário, utilizada por 58% da população. YouTube Premium (23%) e Globoplay (21%) aparecem em patamar abaixo, em um empate técnico.
André Jácomo, diretor de Estudos do Instituto Nexus, destacou predominância do ambiente digital no consumo cultural atual. “O consumo de cultura hoje é predominantemente num ambiente digital, mais do que no físico. É importante pensarmos em como o digital, por redes sociais e streaming, captura o nosso consumo tradicional”, analisou.
A frequência presencial e o desejo populacional
Apenas 53% dos entrevistados frequentaram algum equipamento ou evento cultural nos últimos três meses. Desses, os mais visitados foram shows ou festivais de música (24%) e cinemas (23%).
O desejo, porém, aponta para um cenário diferente. O cinema lidera isolado a lista de locais que o público gostaria de frequentar com mais assiduidade, com 33% das intenções. Shows ou festivais de música vêm em segundo (27%), seguidos pelo teatro (18%). A participação em festas populares tradicionais também é limitada: 50% dos entrevistados não participaram ou não souberam responder. Entre os que participaram, o São João (31%) superou ligeiramente o Carnaval (28%). Apenas 32% disseram ter visitado algum evento cultural local ou regional desde o início do ano.
As barreiras: tempo, interesse e dinheiro
A principal dificuldade apontada para a participação em atividades culturais presenciais é a falta de tempo (33%), reflexo da “correria do cotidiano” e da priorização do trabalho. Em segundo lugar, aparece a falta de interesse (29%), que supera a falta de dinheiro (24%). Nas falas qualitativas, outras barreiras ganharam corpo: a ausência de divulgação eficiente de programação, a falta de transporte público, especialmente à noite, e a percepção de insegurança em eventos e espaços públicos. A questão financeira, embora não seja a principal, foi detalhada: além do preço do ingresso, jovens destacaram os custos adicionais com alimentação, bebida e estacionamento, o que limita a frequência e os leva a priorizar eventos gratuitos, vistos como escassos.
A cultura brasileira no mundo e o valor econômico local
De acordo com o estudo, a população tem uma visão positiva do prestígio internacional de sua cultura: 59% acreditam que a cultura brasileira (filmes, séries, música, festas) é admirada em outros países. Para 70%, ela traz benefícios para a imagem do Brasil no exterior.
Para 79% dos entrevistados, os incentivos à cultura são importantes ou muito importantes para a economia de suas localidades. O mesmo percentual (79%) atribui a mesma importância a esses incentivos para a geração de emprego local.
Quando questionados sobre o nível de importância dos incentivos culturais para a economia local, 79% dos entrevistados classificaram a importância como “muito importante” ou “importante”. Percentual idêntico (79%) foi registrado quando o assunto foi a importância desses incentivos para a geração de emprego na localidade ou região do entrevistado.
Metodologia
A pesquisa foi realizada pelo Instituto Nexus com metodologia mista. A etapa quantitativa ouviu 2.016 cidadãos a partir de 16 anos, em entrevistas domiciliares distribuídas por todas as 27 unidades da federação, entre os dias 6 e 12 de novembro de 2025. A amostra foi controlada por cotas de sexo, idade, condição perante a PEA, região e tipo de município, e possui margem de erro máxima de 2 pontos percentuais, para um intervalo de confiança de 95%.
Após a coleta, foi aplicado um fator de ponderação para corrigir eventuais distorções amostrais. O estudo qualitativo complementar, conduzido pela Universidade de Brasília (UnB), contou com 4 grupos focais com homens e mulheres de 18 a 50 anos, de diferentes regiões e contextos (capitais, regiões metropolitanas e interior).
MICBR+Ibero-América
A edição 2025 é uma realização do Ministério da Cultura, correalização da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), do Governo do Estado, por meio da Secult Ceará, e Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secultfor.
Patrocínios e apoios
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