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Festival de Cinema do BRICS projeta novas iniciativas de cooperação internacional e reforça integração cultural entre os países do bloco



O Festival de Cinema do BRICS deu destaque, nesta sexta-feira (5), às perspectivas de fortalecimento das relações culturais entre os países do bloco durante o painel Soberania cultural e desafios de cooperação internacional no audiovisual. O encontro, realizado no Cinema Dragão do Mar, em Fortaleza (CE), reuniu representantes do Brasil, China e África do Sul para discutir avanços recentes, possibilidades de expansão e o papel estratégico do audiovisual como ponte entre as nações do Sul Global.
A gerente sênior do Shanghai International Film Festival (SIFF), Frida Fan Jingwen, apresentou um panorama do setor audiovisual na China, hoje o segundo maior mercado cinematográfico do mundo. Ela destacou que Xangai se consolidou como principal polo de exibição e afirmou que a circulação de filmes brasileiros tem crescido de forma consistente. Para a representante chinesa, os festivais audiovisuais são portas de entrada importantes para o cinema brasileiro na China.
Frida lembrou que 2025 foi “um grande ano para o Brasil”, com a exibição de seis filmes nacionais no circuito chinês e a participação da diretora Petra Costa no júri do SIFF. Ela também mencionou o reconhecimento crescente da obra de Walter Salles, especialmente após a exibição de Ainda Estou Aqui. Segundo ela, o próximo ciclo da cooperação sino-brasileira deve ampliar lançamentos, coproduções e intercâmbios. “Queremos ver mais filmes brasileiros na China e mais filmes chineses no Brasil”, afirmou.
A África do Sul trouxe ao debate a visão de um setor audiovisual em expansão e com forte impacto econômico. Stacey Lefine, da National Film and Video Foundation (NFVF), explicou que o país atua em toda a cadeia produtiva, do desenvolvimento à formação técnica. “Trabalhamos em todos os cantos da indústria para garantir um crescimento equitativo”, disse. Ela destacou que o BRICS é uma plataforma essencial para ampliar oportunidades de formação, circulação e coprodução entre os países.
A diretora-geral interina de desenvolvimento cultural da África Sul, Masana Chikeka, reforçou a importância do audiovisual para a representatividade social no continente africano. “Para mim é um prazer estar aqui não só como representante da África do Sul, mas como representante de povos marginalizados na indústria”, afirmou. Ela destacou que o BRICS possibilita o intercâmbio de narrativas e tradições que fortalecem identidades locais. “Os países do BRICS têm a possibilidade de transmitir nossas culturas, que passam de geração em geração”, declarou.
Stacey acrescentou que conhecer melhor os interesses das audiências dos países parceiros será fundamental para orientar novos conteúdos e estimular projetos colaborativos. Para ela, ampliar a cooperação audiovisual é essencial para consolidar o crescimento do setor e criar oportunidades para profissionais de diferentes regiões do bloco.
A secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga, afirmou que a internacionalização é uma das prioridades da política pública brasileira para o setor. Ela lembrou que a orientação do presidente Lula é de reconstruir e fortalecer relações estratégicas no campo cultural. “Nosso querido presidente Lula destacou a importância de restabelecer e cuidar dessas parcerias, e nós seguimos à risca”, afirmou.
Segundo a dirigente, o Brasil possui atualmente 13 tratados bilaterais de coprodução, que já resultaram em 218 longas-metragens realizados em parceria com outros países. Joelma ressaltou ainda a criação da Film Commission Nacional, prevista para 2026, e o fortalecimento das relações entre os países durante o Ano Brasil-China, também programado para o próximo ano. A circulação de obras, destacou, a formação de redes profissionais e o desenvolvimento de novas coproduções, são essenciais para o fortalecimento do audiovisual no Sul Global.
Festival de Cinema
Além do painel, a programação desta sexta contou com sessões de longas e curtas-metragens no Cinema do Dragão. A Indonésia foi representada pelo longa Gowok: O Kamasutra Javanês (Gowok: Javanese Kamasutra). No fim da tarde, Ajude os Menor (Help a Brotha), Sonho de uma Noite de Inverno (A Winter Night’s Dream), Cegar o Sacrifício (B(l)ind The Sacrifice) e Mau: Os Sonhos-Espíritos de Cheraw (Mau: The Spirit Dreams of Cheraw) completaram a programação da tarde.
O diretor Lucas Litrento, de Ajude os Menor, e do diretor russo Svyatoslav Ushakov, de A Winter Night’s Dream marcaram presença nas exibições e receberam as premiações do Festival.
Para Lucas, o diálogo entre os filmes do bloco é fundamental. “É muito importante que a gente consiga estreitar os laços do cinema entre os países do BRICS. É bom ver como o meu filme dialoga com os outros, mesmo com linguagens e idiomas diferentes”, afirmou.
Encerrando a noite, foi exibido o longa sul-africano Sabática (Sabbatical), apresentado pela diretora Karabo Lediga, também homenageada pelo Festival.



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