Início CULTURA MICBR+Ibero-América registra recorde de 3. 700 reuniões de negócios na edição 2025...

MICBR+Ibero-América registra recorde de 3. 700 reuniões de negócios na edição 2025 — Ministério da Cultura



O quarto dia do Mercado das Indústrias Criativas do Brasil+ Ibero-América foi, também, o último dedicado às rodadas de negócios e ações formativas, como painéis, oficinas, conversas com players e mentorias. Desde a quinta-feira (4), 3.700 rodadas de negócios foram agendadas no Centro Dragão do Mar, em Fortaleza (CE), movimentando 430 vendedores e 185 compradores no espaço de negociação. Ao todo, 615 empreendedores sendo 430 vendedores e 185 comoradores de todas regiões do Brasil e de 29 outros países participaram desse que pe o coração do Mercado.
“O MICBR+Ibero-América se consolida como uma grande plataforma de conexões estratégicas para a economia criativa. Mais do que números, essas mais de três mil reuniões representam oportunidades reais de geração de renda, internacionalização de empreendimentos e fortalecimento de uma rede baseada na diversidade cultural. Estamos falando de um ecossistema que transforma a criatividade em trabalho, em circulação de riqueza e em desenvolvimento para os territórios”, avalia a secretária de Economia Criativa do MinC, Cláudia Leitão.
Além disso, 188 atividades formativas foram realizadas entre os dias 4 e 6 de dezembro, no Centro Dragão do Mar, Porto Iracema, Hub Porto Dragão, Teatro São José, Biblioteca Estadual do Ceará (BECE) e Centro Cultural Banco do Nordeste.
Cenário Audiovisual Global
No painel Film Commissions e desenvolvimento territorial, especialistas e gestores públicos debateram os desafios e as oportunidades para consolidar o Brasil como um destino competitivo para produções nacionais e internacionais, destacando o papel estratégico dessas estruturas para o fortalecimento do setor audiovisual e o desenvolvimento econômico e social do país.
Márcio Tavares, secretário-Executivo do Ministério da Cultura, ressaltou a importância de uma política de Estado articulada para o audiovisual, que envolva a colaboração entre os governos federal, estaduais e municipais. Ele enfatizou que o Ministério está empenhado em construir um ambiente favorável aos investimentos, o que inclui a simplificação de processos burocráticos, a criação de incentivos e a promoção do diálogo com o mercado. Segundo ele, é preciso “desvendar a criptografia” que muitas vezes dificulta o avanço de projetos, transformando o potencial do país em resultados concretos. A criação de uma rede nacional de Film Commissions foi apontada como um passo estratégico para posicionar o Brasil no cenário global, permitindo atrair produções estrangeiras enquanto valoriza as narrativas e os talentos locais.
Já a secretária de Cultura do Ceará, Luisa Cela, apresentou a experiência prática de implementação de políticas audiovisuais, destacando o papel fundamental das Film Commissions como estruturas que vão além de oferecer serviços. Ela enfatizou que essas instituições devem ser amigáveis para filmagem e competitivas para atrair produções, tanto internacionais quanto nacionais. A gestora pública ressaltou a importância de integrar a Film Commission com outras políticas de desenvolvimento territorial, incluindo qualificação profissional, facilitação de importações e transações, além de programas de desenvolvimento tecnológico. Ela mencionou exemplos concretos, como a recém-criada Film Commission em Fortaleza, que funciona como uma empresa pública e representa um modelo inovador de articulação entre poder público e privado.
Patricia Barbieri, produtora Executiva, trouxe a perspectiva do setor privado e da indústria audiovisual. Ela destacou a importância do fórum M2B (Movies to Business) como espaço de debate sobre governança e políticas públicas entre os setores da cultura, turismo e meio ambiente. Barbieri enfatizou que as Film Commissions devem promover não apenas produções audiovisuais, mas também o turismo e a preservação ambiental nos territórios. Ela mencionou iniciativas como a participação em festivais internacionais e a apresentação de produções brasileiras em plataformas globais, demonstrando como o Brasil está se posicionando como um local de alto nível técnico e receptivo para produções internacionais.
Christiano Braga, da Embratur, foi o mediador do painel, ele contribuiu com análises sobre o impacto econômico das Film Commissions e reforçou que a presença dessas estruturas qualifica territórios criativos, amplia oportunidades de trabalho e renda, e fortalece o audiovisual como vetor estratégico de dinamização urbana, turística e econômica.
Coordenador da Rio Film Commission, Daniel Celli, ressaltou que o Rio de Janeiro, com 15 anos de atuação, já ultrapassou a cidade de Paris em número de filmagens, consolidando-se como um dos destinos mais filmados do mundo. Celli enfatizou a importância da gestão pública em garantir o funcionamento diário das operações, desde a autorização de filmagens até a facilitação de processos burocráticos. Ele também destacou o papel das Film Commissions em promover a cidade internacionalmente e em atrair investimentos dos territorial.
Brasil CriativoNo Centro Cultural Banco do Nordeste, o painel O que é o Brasil Criativo? puxou o público para uma reflexão: a economia criativa não é apenas um setor — é uma estratégia de país. Sob mediação da secretária de Economia Criativa, Cláudia Leitão, o debate reuniu Joel Santana, diretor do Departamento de Difusão, Fomento e Economia dos Museus do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), e Danielle Barros, secretária de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro e presidenta do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura, para destrinchar como os princípios dessa política reposicionam cultura, inovação, sustentabilidade e inclusão produtiva no coração do desenvolvimento nacional.
“A palavra-chave que vai atravessar nossa conversa aqui é ecossistema”, afirmou Cláudia ao abrir a mesa, destacando a necessidade de estruturar redes culturais e criativas tanto em territórios físicos quanto digitais. Para a secretária, compreender esse campo exige rigor. “A tarefa do Ministério e da Secretaria é também traduzir tudo isso, dar acesso às taxonomias, às expressões”, completou.
Entre dados, provocações e anúncios, o painel destacou a força simbólica e econômica da cultura — dos museus que empregam mais do que indústrias tradicionais às festas populares que movimentam o turismo e dinamizam mercados locais. Joel Santana reforçou a urgência desse entendimento ao lembrar que “se a gente não falar de economia, outras pessoas vão falar de economia pra gente” e ao defender que o setor museal tenha condições reais de cumprir sua função social: “O museu quer ter as condições pra poder garantir esse registro da identidade brasileira”.
Já Danielle Barros ampliou o debate com sua a perspectiva: “Nós somos o único setor do Estado que conseguimos mexer com todos os outros setores e que movimenta toda a economia”, afirmou, defendendo a universalização como norte estratégico. “Só seremos, de fato, importantes no campo da criatividade e da economia quando universalizarmos”.
Lançamentos como o futuro Observatório Brasileiro de Cultura e Economia Criativa e as traduções inéditas de publicações da UNESCO reforçaram o compromisso com a democratização do conhecimento e a gestão baseada em evidências — um ponto insistido por Cláudia Leitão. Já experiências como o modelo de financiamento do Rio de Janeiro, que devolve múltiplas vezes o valor investido ao estado, mostram como políticas bem estruturadas transformam territórios, ampliam acesso e oportunizam tanto grandes produtores quanto iniciativas comunitárias.
A mensagem final ecoou entre os participantes: universalizar o acesso à cultura e à criatividade não é um ideal distante — é uma meta de Estado. E o Brasil Criativo chega justamente para pavimentar esse caminho.
Ancestralidade, coletividade e território
No Auditório do Dragão do Mar, o painel Políticas culturais e ações comunitárias: interseccionalidades, formação e arte integrou a programação do sábado com uma conversa sobre cultura como direito, memória e território. A mesa reuniu diferentes perspectivas, incluindo de Fabiano Piúba, secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura (MinC), que defendeu uma política cultural enraizada na ancestralidade e na coletividade — princípios estruturantes da nova fase do Ministério. Relembrando a chegada da ministra Margareth Menezes ao MinC, Piúba sublinhou o conceito de Ubuntu: “Eu sou porque nós somos”, reforçando que a gestão cultural precisa partir do comum, do saber-fazer compartilhado e das memórias que sustentam cada território.
O secretário destacou que “toda casa, terreiro, oficina e ateliê de um mestre ou mestra da cultura é um museu, uma escola e uma biblioteca ao mesmo tempo”, defendendo que o Estado reconheça esses espaços como centros legítimos de formação e produção de conhecimento. Piúba também afirmou que “educação sem cultura é só ensino, e segurança pública sem cultura é só violência”, numa crítica direta ao tecnicismo que ainda orienta muitas políticas públicas. Sua fala costurou as discussões sobre interseccionalidade, território e justiça social, conectando as experiências comunitárias às metas nacionais — como o novo Plano Nacional de Cultura e as ações conjuntas entre MinC, Ministério da Educação (MEC), universidades e redes locais.
O painel também composto por Bel Mayer, educadora social e coordenadora-geral do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC); Raí Kehinde, escritor periférico, gestor cultural e curador; e Leandro Bulhões, professor da Universidade Federal do Ceará UFC) e diretor da Casa José Alencar, recuperou a potência das tradições e cosmologias que moldam o Brasil. Nesse encontro entre Estado, universidade e comunidades, ficou evidente que a arte segue sendo uma força de sobrevivência, como lembra Ailton Krenak: quem canta, dança e narra sua história adia o fim do mundo.
Saiba mais sobre o MICBR+Ibero-América 2025 aqui.
MICBR+Ibero-América
A edição 2025 é uma realização do Ministério da Cultura, correalização da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), do Governo do Estado, por meio da Secult Ceará, e Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secultfor.
Patrocínios e apoios

.



FONTE