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“A cultura será a via para a mudança de comportamento da humanidade em relação à natureza”, diz ministra no 2º Seminário Cultura e Mudança do Clima



O papel da cultura na ação climática esteve na centralidade da abertura do 2º Seminário Internacional Cultura e Mudança do Clima, que teve início nesta sexta-feira (31), no Edifício Palácio Capanema, no Rio de Janeiro. O seminário, realizado em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e a Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), dá continuidade aos debates iniciados em 2024, durante o G20 da Cultura em Salvador (BA). Naquela ocasião, foi aprovada a Declaração de Salvador da Bahia, um marco ao reconhecer formalmente o papel da cultura nas ações de mitigação e adaptação climática.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, abriu virtualmente o ciclo de debates, e afirmou que o seminário é um chamado à ação, uma oportunidade ímpar de reflexão sobre como as estruturas da cultura e as mudanças climáticas estão entrelaçadas, especialmente no futuro do nosso planeta. “Precisamos agir com coragem e com comprometimento, pois sabemos que a cultura é um poderoso catalisador para a mudança que tanto precisamos”, disse.
No cenário internacional, o Brasil tem dedicado uma contribuição significativa. Na reunião dos Ministros de Cultura do G20, realizada em Salvador no ano passado, foi aprovada a Declaração de Salvador, um marco histórico como o primeiro movimento do G20 a vincular cultura e clima. O Brasil, em conjunto com os Emirados Árabes, co-apresenta um grupo de amigos da Ação Climática Baseada na Cultura, que conta hoje com a participação de 56 países.
O secretário-Executivo do MinC, Márcio Tavares, reforçou o papel de liderança do Brasil e do MinC na vanguarda desta agenda global, especialmente em um momento crucial, às vésperas da COP30 e sua realização em Belém. “O presidente Lula resolveu escolher a Amazônia para sediar a COP 30 justamente porque é preciso que o mundo compreenda e conheça de perto a Amazônia, seus grandes dilemas, mas também outros povos que compõem aquele território e também as grandes saídas ambientais, tanto na cultura dos modos de vida, na valorização dos modos de vida, dos povos da floresta, dos povos ribeirinhos, que vivem e trabalham através da floresta, que precisam da floresta preservada, para seguir mantendo não só as suas tradições, mas também garantindo trabalho, renda, oportunidade, descobrindo novas medicinas e novas soluções”
Representando o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o embaixador Laudemar Gonçalves de Aguiar Neto, secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura, afirmou que o Brasil tem particular interesse em posicionar adequadamente o papel da cultura e do patrimônio cultural na agenda global de ação climática. “A mudança do clima é um desafio inadiável e essencial, e requer a ação coordenada, solidariedade internacional e soluções criativas. A cultura pode ser aliada decisiva nesse processo ao promover comprometimento com o país”, declarou.
O Brasil também exerce a co-presidência do Grupo de Amigos da Ação Climática Baseada na Cultura (GAACBC), ao lado dos Emirados Árabes Unidos, para o período 2023-2026. Este grupo, criado na COP28, reúne atualmente 47 países e tem como objetivo principal garantir que a cultura seja reconhecida como pilar fundamental nas ações de adaptação e mitigação às mudanças climáticas, influenciando os processos decisórios no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).
“O Brasil está liderando uma forte profissionalização da ação climática e a integração da cultura de maneira significativa nas políticas ambientais globais”, afirma Dorine Dubois, Chefe do Gabinete Executivo do Setor de Cultura, da UNESCO.
Jane Diel, representante da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), também marcou presença ressaltando a realização no Palácio Capanema. “Estar aqui nesse lugar que representa uma inovação, uma resistência e força para a nossa cultura é muito importante para todos nós. Na primeira edição, que foi em Salvador, o Brasil mostrou ao mundo que não há debate climático complexo sem a voz da cultura”.
Maria Marighella, presidente da Fundação Nacional das Artes (Funarte), ressaltou que a agenda climática é a agenda política do momento. “É a agenda que nos exige a todos posição, porque é ela que vai tirar em definitivo a brutalidade de acumulação, de exploração e partilhar a liberdade”, afirmou.
Marcelo Freixo, presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), destacou a cultura como ferramenta decisiva. “Não vejo como a gente avançar no debate climático se não for um grande debate de cultura, de inclusão e de imagem desse país”, disse.
O seminário, que foi aberto pela intervenção artística de Olinda Tupinambá e Ziel Karapoto, continua até o dia 2 de novembro, com uma programação que inclui debates sobre financiamento sustentável para o setor cultural, justiça climática, saberes tradicionais e o papel das narrativas e da arte na construção de um futuro mais resiliente e sustentável. O evento se posiciona como um passo estratégico do Brasil para influenciar as discussões da COP30, consolidando o país como uma liderança na intersecção entre cultura e ação climática.



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