“Negócio da China”, “Cuiabá loteada” e “Calote” foram algumas das expressões usadas pelos vereadores para criticar o contrato firmado pelo ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) com a empresa CS Mobi. O ex-gestor esteve na Câmara, na segunda-feira (7), para uma oitiva na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Estacionamento Rotativo.

A oitiva foi muito importante para deixar claro que a gestão de Emanuel firmou contrato que só tem vantagem para a CS Mobi
Os vereadores apontaram uma irresponsabilidade de Emanuel ao firmar o contrato com a empresa. Segundo apontado, a Prefeitura de Cuiabá terá que pagar R$ 650 milhões, sem contar a correção inflacionária, em uma obra que custaria R$ 145 milhões.
Para o vereador Dilemário Alencar (União), relator da CPI, esse foi um “negócio da China” firmado por Emanuel, que tornou o contrato oneroso ao município e sem benefícios para a população.
“A oitiva foi muito importante para deixar claro que a gestão de Emanuel firmou contrato que só tem vantagem para a CS Mobi. O mais grave é que o valor de R$ 650 milhões pode chegar a mais de R$ 1 bilhão no prazo de 30 anos, devido a correção monetária que foi pactuada no contrato. São valores absurdos”, disse.
Segundo ele, cerca de meio bilhão de reais vai ficar para os cofres da empresa, sendo que ela ainda terá a concessão do Mercado Municipal por 30 anos, explorando o aluguel do espaço.
“A CS Mobi vai construir as obras previstas no contrato com dinheiro da Prefeitura e ao mesmo tempo auferir mais receita cobrando estacionamento dos cuiabanos. Esse foi um ‘negócio da China’ para a concessionária, pois se não houver rescisão do contrato ou uma repactuação, vai sobrar para a CS Mobi mais de R$ 510 milhões de dinheiro público”, afirmou.
Troca de farpas e Capital loteada
O vereador Fellipe Corrêa (PL) também apontou a diferença no custo da obra e no valor pago à empresa e afirmou que o motivo para que Emanuel tivesse feito o contrato foi a falta de condições financeiras da Prefeitura durante a gestão.
“O que entendi nessa justificativa para fazer uma obra de R$ 145 milhões a um custo de R$ 650 milhões para o município é a falta de crédito que o senhor deixou o município na sua gestão. A falta de condição financeira de fazer uma obra como essa e foi buscar um crédito caro”, disse.
O vereador reagiu a um deboche feito pelo ex-prefeito, que, ao responder uma pergunta, deu risadas e perguntou se ele era advogado.
Corrêa disse que não é advogado, mas ao menos não tem diversas operações policiais “nas costas” e elogiou a coragem do prefeito em ter ido de paletó, relembrando o episódio conhecido como “Escândalo do Paletó”, quando Pinheiro ainda como deputado estadual foi flagrado colocando dinheiro nos bolsos de um terno.
Já Maysa Leão (Republicanos), que é membro da CPI, afirmou que haverá a necessidade de “lotear” Cuiabá se município quiser pagar o repasse mensal sem que a Prefeitura retire de seus recursos próprios.
“Nenhum ente comercial pediu que loteássemos Cuiabá, para que chegue ao montante de 6 mil vagas e o rotativo possa pagar a PPP sem que precise retirar da ‘Fonte 100’, nós teremos que lotear o município, como vem acontecendo em alguns lugares com total inconveniência, como no Jardim Cuiabá e São Matheus, em torno de clínicas de atendimento médico”, disse a vereadora.
Já a vereadora Michelly Alencar (União) acusou o ex-prefeito de deixar uma dívida de R$ 9,6 milhões em repasses não pagos à CS Mobi. “Por que o senhor deixou de pagar todo compromisso financeiro com essa empresa? Se o Município tem tanto dinheiro, por que o senhor deixou uma dívida de R$ 9,6 milhões relacionados à falta de pagamento?”, questionou.
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