Os agentes territoriais de cultura contaram com uma programação repleta de oficinas e salas temáticas nesta segunda-feira (17). O segundo dia do Encontro do Programa Nacional dos Comitês de Cultura teve discussões de assuntos importantes tanto para a formação como para o fortalecimento do trabalho dos agentes nos territórios.
Um deles, Jornalismo e Transformação Social, trouxe como convidados o jornalista e cineasta João Wainer para uma conversa sobre como contar boas histórias mesmo sem grandes equipamentos. Com a oficina Filma com o Que Tem, ele falou sobre como um olhar apurado é mais importante do que técnicas. “O que vai funcionar é uma história bem contada e encontrar uma forma criativa de contar essa história. O nosso objetivo é informar e não entreter. Mas, a gente entendeu que sem entretenimento, a informação não chega”, explicou.
O diretor de plataformas da Templo, Eduardo Quintiliano, conduziu a oficina IA na Mão, Cultura na Ponta, para tirar dúvidas sobre o uso da inteligência artificial para potecializar ações e projetos de cultura. Ele alertou sobre os riscos e benefícios das ferramentas. “O real perigo da IA não é porque ela vai se rebelar contra a gente e, sim porque ela faz exatamente o que a gente pede. Se a ferramenta trabalha em cima do comportamento humano, ela vai ter os mesmo vieses que a gente”, alertou.
Produção cultural e PNCA roda de conversa Fazer e Produzir Cultura é Semear Futuros reuniu agentes territoriais para refletir sobre os processos de criação, curadoria e produção cultural no país. A dinâmica foi construída de forma participativa, com perguntas abertas desde o início, aproximando público e convidados. O encontro evidenciou a importância da troca entre agentes, gestores e comunidades para consolidar políticas culturais que projetam futuros mais diversos e inclusivos.
Durante a conversa, o coordenador do Comitê de Cultura em Goiás, CDJota destacou que “é a cultura que enche a sala”, reforçando a importância do trabalho realizado pelos agentes nos territórios. Ele também lembrou que “a arte cura pelo que ela significa, pelo que ela faz”, enfatizando seu impacto social.
O curador artístico e produtor cultural Guilherme Thiesen também fez parte do debate e apontou que fazer cultura é “semear possibilidades e sustentar linguagens diversas”, fazendo referência ao fortalecimento das políticas públicas previstas no Plano Nacional de Cultura (PNC) – enviado nesta segunda ao Congresso Nacional.
Cultivando a cultura da vida
O painel Bem-Viver e Práticas de Cuidado fez os participantes refletirem sobre a interseção entre cultura, cuidado e qualidade de vida. O eixo 7 PNC aborda como as práticas culturais podem se tornar ferramentas essenciais para o fortalecimento dos vínculos sociais e a promoção de um cotidiano mais saudável e harmonioso.
Representando o Comitê de Cultura de São Paulo e integrante do Conselho Diretor do Museu Caiçara, Carolina Barbosa destacou o trabalho coletivo como instrumento de mudança social. “Bem-viver pra mim é o mutirão, o conceito da coletividade. Eu resumo mutirão como muita gente fazendo uma coisa só. E isso é o que a gente está fazendo nesse encontro”, esclareceu.
Na sequência, a gerente de Projeto da Secretaria Nacional de Cuidados e Família na Secretaria Nacional da Política de Cuidados e Família do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Adriana Ligiéro, ressaltou a execução do Plano Nacional de Cuidados, que está prestes a ser lançado e tem ações realizadas em parceria com o Ministério da Cultura. Da plateia, a agente de cultura de Santa Catarina, Jacqueline Jorge, salientou a importância do tema. “Eu achei muito necessário, principalmente aqui que nesse encontro tem muitas agentes com filhos e essa é uma demanda, uma das pautas do bem-viver”.
Ao integrar os princípios do bem-viver nas políticas e ações culturais, o painel passou de um momento de debate a um convite de pensar e praticar políticas culturais que cuidem das pessoas, dos territórios e dos vínculos que sustentam a vida em sua pluralidade.
Já representantes de todos os escritórios do MinC se reuniram desta segunda (17) para falar sobre vedação eleitoral. A atividade contou com a condução da Assessoria Especial de Controle Interno (AECI), Corregedoria e Cordenadoria de Getsão de Pessoas (Cogep) da Pasta.
Cultura Viva, Artes, Livro e Leitura
Entre as oficinas do dia, diversos representantes do MinC se revezaram para falar das diversas políticas públicas de cultura coordenadas pelo Ministério e entidades vinculadas. O diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do MinC, Jéferson dos Santos Assumção conduziu a conversa Literatura, Bibliotecas e Territórios. “A gente precisa falar cada vez mais das políticas de leitura, do desenvolvimento das bibliotecas, dos eventos literários no Brasil todo, e a gente precisa pactuar a ação dos agentes nos territórios em prol da leitura no Brasil”, defendeu.
Já a coordenadora de Articulação e Participação da Fundação Nacional de Artes (Funarte) Lenine Guevara, ministrou a oficina Territorialização na Política Nacional das Artes. “Estamos aqui para fazer a articulação e participação social dos territórios. A participação dos agentes é essencial para isso”, explicou.
A agente territorial em atuação em Campinas (SP), Priscila Ediara participou da conversa sobre Política Nacional de Cultura Viva (PNCV), que foi comandada pelo diretor da Política no MinC, João Pontes. Para ela, o tempo foi curto para tanta informação importante. No fim da oficina, pediu mais. “Eu queria ter mais oportunidade, ele tirou algumas dúvidas sobre o Cultura Viva, que é a política com a qual eu trabalho, trouxe exemplos que a gente não sabia. Foi muito enriquecedor e eu queria mais”.
Festival Cultura Urbana
O Hip-Hop, com a poesia do slam e os beats, deu tom do Festival Cultura Urbana. As apresentações realizadas pelos próprios agentes culturais demonstraram a diversidade da cultura brasileira. “É trazer o protagonismo dos agentes, é mostrar a pluralidade desses agentes, a diversidade que temos, tanto nas expressões artísticas quanto no próprio conteúdo”, disse o agente de Florianópolis (SC), Preto Lauffer.
Representantes do Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais, Piauí, Paraná, Ceará, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina também subiram ao palco representando a variedade musical dos agentes. O show de encerramento ficou por conta de Sued Nunes. Mesmo depois de um dia inteiro de formação e debates, a plateia cantou e dançou junto com a cantora. Nascida no interior da Bahia, Sued foI indicada ao Grammy Latino como artista revelação este ano e falou sobre a importância de levar a arte do Brasil para o mundo. “É bonito eu entender que a minha trajetória é capaz de plantar sementes nas pessoas. Não é sobre eu ser a representação, eu quero ser uma das representações, eu quero que mais e mais pessoas estejam aqui nesse lugar, que possam cantar e possam levar aquilo que tem de melhor para o mundo. Essa resposta que eu tenho das pessoas faz com que eu também plante sementes em mim”, declarou a cantora.
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