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Facção prometia até R$ 50 mil e pagava só R$ 100, diz delegado



 
O delegado Antenor Pimentel afirmou que a facção criminosa alvo da Operação Raspadinha do Crime, deflagrada nesta terça-feira (14), prometia prêmios de até R$ 50 mil, mas que, em centenas de bilhetes apreendidos pela Polícia, só foram encontrados valores de até R$ 100.
 

Mas quem compra uma coisa ilegal não pode ter a expectativa de que ela seja uma coisa honesta

O esquema era liderado pelo faccionado Ederson Xavier de Lima, de 43 anos, conhecido como “Boré”,  preso no dia 28 de setembro enquanto frequentava uma praia em Niterói (RJ). A exploração ilícita era promovido em mais de 20 cidades de Mato Grosso e em apenas seis meses, o grupo teria movimentado mais de R$ 3 milhões. 
 
Conforme o delegado, que atua na Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), os prêmios eram de fato pagos, geralmente por meio de contas de laranjas, mas em valores muito abaixo do anunciado.
 

“Faziam o pagamento do prêmio, agora não tem como mensurar qual proporção. Inclusive, a gente fez uma grande apreensão no interior e, a título investigativo, raspamos as cartelas, mas não foi encontrado nenhum prêmio acima de R$ 100. Fizemos, amostralmente, centenas de raspadinhas”, explicou Pimentel.
 
“Mas quem compra uma coisa ilegal não pode ter a expectativa de que ela seja uma coisa honesta”, completou. 
 
De acordo com o delegado, o esquema, chamado “Raspa Brasil”, funcionava como um jogo ilegal — sem qualquer autorização do governo federal —, estruturado com a mesma lógica de uma facção criminosa. O Estado era dividido em “quebradas”, como ocorre no tráfico de drogas, e cada região tinha um ou mais responsáveis pela distribuição local das raspadinhas. 
 
Esses distribuidores eram encarregados de entregar os bilhetes nos comércios, arrecadar o dinheiro, controlar a contabilidade e prestar contas ao núcleo central da facção, sediado em Cuiabá e com ligação ao Rio de Janeiro. A
 
“O dinheiro era repassado da seguinte forma: 10% para o comerciante, 10% para o distribuidor e 80% para a facção. Esse dinheiro era enviado através de contas de laranjas”, detalhou o delegado.
 
Pimentel ressaltou que a operação tem caráter de alerta à população.
 
“A raspadinha aparentemente é algo inofensivo, mas por trás há toda uma engrenagem de facção, de monopólio e de disputa por território”, disse.
 
Coação
 

A venda muitas vezes acontece por coação. Às vezes, coação indireta

O delegado explicou que, embora o levantamento dos pontos de venda tenha sido feito, o foco da investigação foi a gerência do esquema e os distribuidores.
 
“Aproveito a oportunidade para alertar aquele comerciante que entrou de boa-fé que apresente o material na delegacia. É um produto de facção, comprovadamente ilícito nos autos, e não convém à pessoa de bem se misturar com coisa ilegal”, afirmou.
 
Ele também orientou que as denúncias sejam feitas de forma anônima, já que muitos comerciantes aderiam sob coação direta ou indireta.
 
“A venda muitas vezes acontece por coação. Às vezes, coação indireta. Por exemplo: se o comerciante sabe que no bairro dele há cinco faccionados e esses cinco o procuram dizendo ‘gostaria que o senhor vendesse’, como ele vai dizer que não?”, completou.
 
Na operação, foram cumpridos 21 mandados de prisão preventiva, 54 de busca e apreensão, 11 ordens de bloqueio de bens, além de 25 quebras de sigilo bancário e telemático e sequestro de valores que ultrapassam R$ 1,1 milhão.
 
 
As ordens foram expedidas pelo juiz Anderson Clayton Dias Batista, da 5ª Vara Criminal de Sinop.
 
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