O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, admitiu nesta quarta-feira (25) que as instalações nucleares do país foram ‘seriamente danificadas’ nos ataques dos Estados Unidos do fim de semana.
Em entrevista à Al Jazeera, ele não entrou em mais detalhes, pois disse que eram confidenciais. No entanto, admitiu que os bombardeios tiveram grandes efeitos.
‘Nossas instalações nucleares foram seriamente danificadas, isso é certo’, afirmou.
O Irã anunciou nesta quarta-feira (25) que suspendeu a colaboração com a agência de vigilância nuclear da ONU até que os ‘direitos nucleares’ sejam garantidos. A informação foi divulgada pelo porta-voz do Conselho Presidencial do Parlamento Iraniano, segundo a agência de notícias Mehr.
Abbas Goudarzi defende que o artigo 4 do tratado de não proliferação nuclear diz que os estados-membros tem o direito de conduzir pesquisa, desenvolvimento, produção e uso de tecnologia nuclear pacífica.
‘Infelizmente, a Agência Internacional de Energia Atômica não conseguiu proteger esses direitos legais e não assumiu uma posição clara em relação às violações óbvias das disposições do tratado, e nem mesmo as condenou verbalmente’, comentou.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, também confirmou a informação, dizendo que os ataques contra o programa nuclear levaram a essa suspensão.
‘Esta decisão é uma consequência direta do ataque não provocado ao Irã, dos ataques sem precedentes contra instalações nucleares’, disse.
O anúncio acontece logo após o parlamento do país aprovar nesta quarta-feira (25) um projeto de lei para suspender totalmente a cooperação com o órgão de vigilância nuclear da ONU. A informação sai logo após comentários do chefe da agência, Rafael Grossi, dizer que a prioridade número 1 é checar os danos às instalações nucleares do país após os ataques dos EUA.
‘A Agência Internacional de Energia Atômica, que se recusou a condenar, mesmo que marginalmente, o ataque às instalações nucleares do Irã, colocou sua credibilidade internacional em leilão’, disse o presidente do parlamento iraniano, Mohammad Bagher Ghalibaf, de acordo com a TV estatal.
Segundo ele, essa suspensão de cooperação será até que ‘a segurança das instalações nucleares seja garantida’.
Centro de energia nuclear do Irã em Natanz. — Foto: AFP PHOTO / MAXAR TECHNOLOGIES
No total, de 290 cadeiras, 221 votaram a favor do projeto e um se absteve. A TV iraniana diz que não houve nenhum voto contrário.
A revisão do cumprimento das condições dessa decisão e a tomada de decisões sobre a retomada da cooperação serão de responsabilidade do Conselho Supremo de Segurança Nacional. Além disso, possíveis punições serão definidas também pelo grupo, segundo Goudarzi.
Foi divulgado nessa terça-feira (24) que uma avaliação preliminar da inteligência dos EUA determinou que os ataques dos EUA no fim de semana às instalações nucleares iranianas atrasaram o programa de Teerã em apenas alguns meses. Do outro lado, Trump afirma que foram décadas atrasadas.
Apesar disso, o Irã segue negando que tem qualquer intenção de possuir armas nucleares, mesmo após enriquecer urânio em níveis acima do considerado ‘pacífico’.
Trump diz que ataque a Fordow foi como ‘Hiroshima’
Trump durante a cúpula da OTAN em Haia. — Foto: Reprodução
Em Haia para a cúpula da OTAN, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a ser questionado sobre os ataques americanos aos centros de desenvolvimento nuclear do Irã. De acordo com ele, os bombardeios atrasaram por ‘décadas’ o programa iraniano.
Além disso, o republicano afirmou que foram os ataques dos EUA que ‘acabaram com a guerra’.
‘O ataque a Fordow pôs fim à guerra, foi essencialmente o mesmo que Hiroshima [em referência as bombas atômicas dos EUA na Segunda Guerra Mundial]. Lá dentro, tudo desabou, os túneis desabaram, ninguém consegue entrar e ver’.
Questionado sobre o vazamento de informações de inteligência de que os bombardeios não destruíram muito as usinas iranianas, ele disse acreditar que os ataques levaram à ‘obliteração total’ e que os relatórios ‘realmente não sabem’.
Ele também disse que as informações obtidas após os ataques às instalações nucleares eram inconclusivas.
‘A inteligência foi muito inconclusiva. A inteligência diz que não sabemos. Poderia ter sido muito grave. É o que a inteligência sugere’, comentou aos repórteres.
Já o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, disse que as bombas caíram exatamente onde deveriam e que havia pouca confiança nas informações vazadas. Por fim, o secretário de Estado, Marco Rubio, seguiu na mesma posição e afirmou que a instalação ‘nem pode ser encontrada no mapa’, já que foi destruída.