O presidente do MDB de Brasnorte, Alessandro Rogério de Aguiar, preso nesta terça-feira (5) pela Polícia Federal na Operação Narcoimperium, tinha forte ligação com o megatraficante Luiz Carlos da Rocha, mais conhecido como “Cabeça Branca”.
O investigado já foi condenado a 14 anos de reclusão por organização criminosa e lavagem de dinheiro na “Operação Sem Saída”
Alessandro, apelidado de “Pelúcia” ou “Gordinho”, já foi condenado a 14 anos de prisão por organização criminosa e lavagem de dinheiro na “Operação Sem Saída”, junto com “Cabeça Branca”, e agora é alvo da Operação Catrapo III ou Narcoimperium, que investiga crimes de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro.
“Cabeça Branca” já foi considerado um dos maiores traficantes de drogas do Brasil.
Alessandro foi alvo de mandados de prisão preventiva, busca e apreensão, sequestro de bens e valores e afastamento do sigilo telefônico.
A relação entre Alessandro e Cabeça Branca consta nos mandados judiciais, deferidos pelo juiz federal da 5ª Vara de Mato Grosso, Jeferson Schneider.
“O investigado já foi condenado a 14 anos de reclusão por organização criminosa e lavagem de dinheiro na “Operação Sem Saída”, em coautoria com Luiz Carlos da Rocha (Cabeça Branca), e, mesmo sob monitoramento eletrônico, existem indícios de que poderia ter se aproveitado da liberdade para restabelecer laços com o grupo criminoso liderado por Sérgio Roberto de Carvalho”, diz trecho do documento.
Segundo o magistrado, a materialidade do crime de tráfico de drogas está comprovada pela apreensão de aproximadamente 296,050 kg de cocaína em 7 de setembro de 2021, a bordo da aeronave Cessna Aircraft, modelo 182P, no município de Brasnorte.
Para Schneider, o tráfico de drogas e os crimes praticados no âmbito da “Operação Sem Saída”, que resultou na sua condenação, também comprovam a lavagem de dinheiro.
“Há indícios de que a aeronave PT-INM pode constituir ocultação patrimonial por parte do referido investigado, evidenciando a lavagem de capitais, especialmente considerando-se a forma suspeita de sua aquisição em 2019”.
Conforme o documento, a investigação revelou indícios de que Alessandro “exerce a liderança da organização criminosa, sendo, em princípio, o real proprietário da aeronave PT-INM e responsável pela contratação e pagamento de pessoas que organizavam pistas de pouso e transbordo de drogas na região de Brasnorte/MT”, diz trecho do documento.
Também existem indícios de que ele seria sócio da Madeireira Imperatriz, “local possivelmente utilizado pelo investigado para realizar reuniões com outros envolvidos no tráfico internacional de drogas e lavagem de capitais”.
Além da prisão dele, a PF ainda cumpriu três mandados de prisão temporária, seis de busca e apreensão e o sequestro de bens avaliados em aproximadamente R$ 7,5 milhões.
Prisão em MT
“Cabeça Branca” foi preso em julho de 2017 em Sorriso.
A Polícia Federal estima que o patrimônio total do megatraficante é de mais de US$ 1 bilhão, amealhados durante três décadas de atuação no tráfico.
Ele era responsável por abastecer países da Europa, por exemplo, com cocaína de alto grau de pureza.
Operação Catrapo
A investigação é desdobramento da Operação Catrapo, que revelou a atuação de organização criminosa transnacional, com capacidade logística e financeira significativa. O grupo utilizava aeronaves para o transporte de grandes carregamentos de drogas.
Durante o curso da investigação, foi possível comprovar que os investigados adquiriram um avião interceptado e abatido pela Força Aérea Brasileira (FAB) em 2021, em Brasnorte, quando transportava cerca de 300 quilos de cocaína.
Os investigados poderão responder pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro.
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