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Leis e programas de incentivo ao esporte somam R$ 368 milhões em investimentos para o atletismo nos últimos 20 anos



O Brasil está construindo uma trajetória crescente em Campeonatos Mundiais de Atletismo, com conquistas importantes nos últimos anos. No Mundial de 2022, realizado em Eugene, nos Estados Unidos, os brasileiros tiveram sua melhor campanha na história da competição, com destaque para Alison dos Santos, campeão mundial nos 400 metros com barreiras, e Letícia Oro Melo, medalhista de bronze no salto em distância. Para o 20º Campeonato Mundial de Atletismo, que acontece em Tóquio, entre 13 e 21 de setembro, a Confederação Brasileira de Atletismo convocou 47 atletas que obtiveram índices ou vagas pelo ranking mundial.
Os resultados positivos nas principais competições da modalidade podem estar relacionados aos investimentos direcionados para o atletismo por meio de leis de incentivo ao esporte e programas de concessão de bolsas. O Instituto de Pesquisa Inteligência Esportiva (IPIE-UFPR) fez um levantamento do total destinado à modalidade nas últimas duas décadas a partir dos repasses realizados pela Lei de Incentivo ao Esporte, Lei Agnelo Piva e Programa Bolsa Atleta.
A seguir, os dados de cada um deles detalhadamente.
Lei Agnelo Piva
Instituída em 2001, estabeleceu mecanismos de incentivo financeiro ao esporte no Brasil, destinando recursos de loterias e outras fontes públicas para fomentar o desenvolvimento esportivo em diversas modalidades. O atletismo, como uma das modalidades beneficiadas, recebeu recursos distribuídos anualmente com variações significativas ao longo dos anos.
Entre 2002 e 2009, os repasses se mantiveram relativamente moderados, com aumento gradual de aproximadamente R$ 1,3 milhão em 2002 para R$ 2,5 milhões em 2008, demonstrando uma tendência de crescimento consistente. A partir de 2010, houve um salto expressivo, atingindo R$ 5,1 milhões, e chegando a R$ 6,3 milhões em 2011. Entre 2012 e 2015, os recursos apresentaram pequenas oscilações, com picos em 2012 (R$ 4,3 milhões) e 2014 (R$ 4,1 milhões) e uma leve queda em 2013 (R$ 3,9 milhões), refletindo ajustes orçamentários ou prioridades temporárias na distribuição.
De 2016 em diante, os valores voltaram a crescer de forma consistente, atingindo R$ 4,6 milhões em 2016 e R$ 6,2 milhões em 2019, com destaque para um pico expressivo em 2022 (R$ 8,9 milhões). 2024 apresenta o maior valor registrado, R$ 12,7 milhões, indicando uma tendência clara de valorização e maior investimento no atletismo, possivelmente em função de resultados esportivos, preparação para competições internacionais e fortalecimento das políticas de incentivo do esporte de alto rendimento.
No total, desde 2002 até 2024, o atletismo recebeu R$ 110.003.899,87, consolidando-se como uma das modalidades que mais se beneficiaram dos recursos provenientes da Lei Agnelo Piva. 
Lei de Incentivo ao Esporte 
A Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) tem desempenhado um papel significativo no fomento do atletismo no Brasil, especialmente entre 2009 e 2024. Nesse período, foram aprovados 933 projetos específicos voltados à modalidade, mobilizando um total de R$ 114.582.550,19 e beneficiando 503.157 pessoas.
A maior parte dos projetos relacionados a LIE concentrou-se na vertente educacional, com 445 iniciativas e R$ 58.905.914,99 em recursos, depois aparecem 310 projetos de participação, totalizando R$ 41.331.501,59. Além disso, foram contemplados também 158 projetos de rendimento com R$ 13.272.286,62 e 20 projetos de rendimento/formação com R$ 1.072.846,99.
Quando analisados pelo tipo, foram 735 projetos desportivos (R$ 97.292.270,09), 102 projetos paradesportivos (R$ 4.671.659,82) e 96 projetos que contemplaram ambas as categorias, totalizando R$ 12.618.620,28. O Sudeste foi a região com maior concentração de projetos beneficiados, registrando 623 iniciativas e evidenciando um desequilíbrio regional no acesso aos recursos.
Esses dados refletem não apenas o investimento contínuo no atletismo, mas também a importância da LIE na ampliação do acesso à prática esportiva, formação de atletas e promoção de inclusão social por meio do esporte. A concentração de recursos em certas regiões e categorias sugere oportunidades para ampliar a cobertura e diversificação dos projetos, garantindo que mais brasileiros possam se beneficiar dessas iniciativas. 
Programa Bolsa Atleta
O Bolsa Atleta desempenha um papel fundamental no apoio aos atletas brasileiros de alto rendimento. Com um total de 3.821 atletas beneficiados, o programa concedeu, desde 2005, 9.706 bolsas, representando um investimento total de R$ 144.313.320,00 entre 2005 e 2025.
A categoria Nacional é a que mais concentra bolsas do programa, com um total de 5.365 benefícios, somando R$ 58.426.800,00. Para os estudantes, a categoria Estudantil destinou 1.278 bolsas, totalizando R$ 5.461.440,00. A categoria Internacional beneficiou 1.344 atletas, com um investimento de R$ 29.612.064,00.
As modalidades olímpicas e paralímpicas foram contempladas na categoria Olímpica/Paralímpica/Surdolímpica, com 674 bolsas, o que representa R$ 24.658.368,00. Já os atletas em desenvolvimento contam com a categoria Atleta de Base, que distribuiu 845 bolsas, somando R$ 3.813.240,00. Na outra ponta, dos atletas que se destacam e conquistam pódios, a categoria Pódio destinou 200 bolsas, representando um investimento total R$ 22.341.408,00.
A relevância do programa também é evidenciada quando olhamos a evolução do investimento ao longo desses anos. Enquanto em 2005, foram distribuídas 170 bolsas no valor de R$ 1.694.400,00, este ano foram 626 bolsas, totalizando R$ 10.635.480,00.
O grupo de 47 atletas que representa o Brasil no 20º Campeonato Mundial de Atletismo, realizado em Tóquio, acumula 417 concessões do Bolsa Atleta, distribuídas entre as diferentes categorias: 53 bolsas estudantis, 73 internacionais, 64 olímpicas e 82 na categoria Pódio, esta última destinada aos atletas de elite mundial.
A importância do programa se evidencia no fato de que todos os atletas que compõem a delegação brasileira no evento receberam algum tipo de apoio financeiro do Bolsa Atleta. Esse suporte é fundamental para que eles possam se dedicar integralmente aos treinos e competições, o que os coloca em uma posição de destaque no cenário internacional. Nomes como Caio Bonfim, que já recebeu 7 bolsas, e é um dos principais expoentes da marcha atlética, e outros, como Tatiane Raquel da Silva, Almir Cunha dos Santos e Paulo Roberto Paula, são exemplos de atletas que chegam à competição com grande potencial de conquistar medalhas para o Brasil, frutos de um trabalho contínuo e do investimento direto do programa.



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