O governador Mauro Mendes (União) disse ser equivocada a ideia de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) possa estar ganhando politicamente com o tarifaço dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros.
Analistas políticos têm apontado para um ganho na popularidade de Lula em decorrência do anúncio da sobretaxa pelo presidente Donald Trump, após interferência do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em entrevista à rádio Jovem Pan News, Mendes apontou a possível vantagem na popularidade pode se transformar em prejuízos significativos quando a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros for efetivamente aplicada.
“Houve um equívoco, talvez um erro cometido por alguém da direita, e tem gente batendo cabeça. O governo do PT está aproveitado uma fumaça, porque não é uma onda, que não é verdadeira. Isso vai trazer consequências ruins pro país”, disse.
“Não adianta surfar em uma onda que não é positiva. Se você surfa numa onda ruim, isso não vai trazer dividendos pro país e para maioria dos brasileiros. E no final do dia, o culpado é o Governo, porque ele pode e poderia ter resolvido esse problema”, emendou.
Para Mendes, é preciso “parar com confusões internas” e ter foco para tentar entrar em um acordo com Trump.
“Eu vejo muita autoridade, líderes nesse país, só pensando em eleição. Acaba uma eleição de prefeito, vem a eleição de deputado, senador… É uma coisa de louco. Como se eleição por si só resolvesse os problemas do País. Nós não estamos conseguindo enfrentar os graves problemas brasileiros”, disse.
Sem cisão
Com o avanço da popularidade de Lula, analistas ainda apontam para uma possível cisão da direita brasileira. É que parte dela viu como erro estratégico a interferência do deputado Eduardo Bolsonaro junto ao governo norte-americano.
Na carta em que anunciou a sobretaxa de 50% aos produtos brasileiro, Trump citou que o Judiciário brasileiro pratica “caça às bruxas” contra Bolsonaro, no processo do qual ele é réu por tentativa de golpe de Estado.
Para Mendes, ainda é “muito cedo” para se falar em cisão da direita no Brasil. E alerta para um cenário “pré-caos” na economia brasileira.
“Eu nunca torci contra o meu país, nem contra o presidente Lula embora eu faça parte desse campo centro-direita. […] O déficit público continua aumentando, ou seja, o Governo Federal está na eminência de quebrar. Infelizmente, os números mostram isso e o TCU afirmou: vamos ter shotdown em 2027”.
“Eu vejo que a direita, assim como a esquerda, tem uma responsabilidade. Mas nesse momento temos que olhar pro Brasil e parar de pensar nas eleições de 2026. Vamos pensar no Brasil e nos brasileiros”, completou.