Início GERAL “Mesmo na cadeia, Bolsonaro terá forte influência nas eleições”

“Mesmo na cadeia, Bolsonaro terá forte influência nas eleições”


Um divisor de águas na história do Brasil. Foi assim que o analista político Onofre Ribeiro definiu o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Embora reconheça uma mudança significativa no cenário político nacional, Onofre projeta que Bolsonaro terá uma forte influência sobre o processo eleitoral do próximo ano – mesmo que esteja atrás das grades.

 

“Do mesmo modo que o Lula influiu em 2018, preso em Curitiba, Bolsonaro vai influir preso também. Muito mais que Lula. Antes mesmo do julgamento ninguém duvidava da condenação do Bolsonaro. Ele vai para a cadeia, mas irá influenciar nos arranjos políticos e candidaturas em todos os estados”, disse o analista, em entrevista ao MidiaNews.

 

Ele vai para a cadeia, mas irá influenciar nos arranjos políticos e candidaturas em todos os estados

Segundo ele, o ex-presidente, impedido de circular para pedir votos a apoiadores pessoalmente, será alçado à condição de mito por parte do eleitorado conservador.

 

“Bolsonaro não vai poder circular para pedir voto, mas ele vira mito. Hoje a esquerda está muito menor que a direita. Aqueles que votaram na esquerda porque não gostavam do ex-presidente, agora irão votar na direita. A influência de Bolsonaro, na cadeia ou fora, será muito grande”, afirmou.

 

Apesar de evitar mencionar nomes já colocados como pré-candidatos em Mato Grosso, Onofre avalia que as alianças políticas atualmente em construção podem não se sustentar até o próximo pleito.

 

Para além disso, o analista acredita que o novo contexto político abrirá espaço para o surgimento de novas lideranças e para o fortalecimento de candidaturas fora do eixo tradicional.

 

“Quem acha, neste momento, que a eleição está bem encaminhada, não está, vai ter que repensar. O País será outro e Mato Grosso não será diferente. A tendência do eleitorado é buscar pelo novo. Vão ter que reformular alianças, vejo essas ‘caras antigas’ sendo rejeitadas”, pontuou.

 

“Voto mais criterioso”

 

Segundo o analista, o julgamento deve por fim também ao processo de polarização da política brasileira, iniciado ainda na década de 60, mas que se acentuou nos últimos anos, chegando ao estágio de “polarização de pessoas” focada nas figuras de Bolsonaro e do presidente Lula (PT).

 

Essa transformação, segundo ele, deverá induzir o eleitorado a adotar uma postura mais exigente e consciente no momento de escolher seus representantes.

 

“A sociedade percebeu que isso é um jogo de poder. Enquanto políticos brigam em benefício próprio, a nação trabalha para pagar imposto. O Estado está cada vez mais aparelhado, com custos altíssimos. Um estado caro, que não funciona. O eleitor estará muito mais criterioso e consciente de que a política não trabalha a favor dele”, argumentou.





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