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Ministra Margareth Menezes visita Turmalina (MG) e destaca papel do artesanato feminino na economia criativa — Ministério da Cultura



Nesta quarta-feira (28), Turmalina (MG), no Vale do Jequitinhonha, recebeu uma comitiva do Governo Federal para uma agenda dedicada à valorização do artesanato tradicional e ao fortalecimento da economia criativa na região. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, esteve no município acompanhada da primeira-dama, Janja Lula da Silva, e das ministras Anielle Franco (Igualdade Racial) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania) para conhecer de perto o trabalho artesanal das mulheres da região, com destaque para a produção de cerâmicas e bordados tradicionais. A agenda contou ainda com a presença do presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima, e de outras autoridades federais e locais.
Logo pela manhã, no distrito de Campo Buriti, cerca de 150 mulheres participaram da roda de conversa Como o artesanato mudou a vida das mulheres, onde foram compartilhadas histórias de luta, superação e identidade. As participantes vieram de associações como a Associação das Artesãs do Coqueiro Campo, a Associação das Artesãs de Campo Alegre e a Associação dos Lavradores e Artesãos de Campo Alegre.
Durante o encontro, Margareth Menezes emocionou ao relembrar sua trajetória como artista e o esforço coletivo para reconstruir as políticas culturais após o desmonte da área.
“A carreira artística é dureza, mas quando se tem um presidente com a sensibilidade do Lula, que reabriu o Ministério da Cultura e garantiu orçamento para o setor, a gente consegue avançar. Hoje temos políticas como a Aldir Blanc e a Lei Paulo Gustavo que irrigam o país inteiro, inclusive este território riquíssimo do Vale do Jequitinhonha. E isso é histórico: 99% dos municípios brasileiros aderiram à nova fase da Aldir Blanc, incluindo 100% das cidades de Minas Gerais. Isso nunca aconteceu antes”, afirmou.
A titular do MinC também anunciou o relançamento da Secretaria de Economia Criativa, que vai coordenar a nova Política Nacional da área, o Brasil Criativo. Segundo ela, as cadeias produtivas do artesanato, como as de Turmalina, terão papel estratégico na geração de emprego e renda.
“Nós estamos apostando na força da produção artística brasileira, que movimenta a economia criativa. Lançamos a Rouanet Territórios, uma forma de descentralizar e nacionalizar o incentivo à cultura. Queremos que o Vale do Jequitinhonha seja contemplado com força nesse processo”, completou.
Em um gesto de acolhimento, Janja destacou a importância da presença feminina em espaços de decisão e reafirmou o compromisso do governo com as mulheres da região. “Quero saudar vocês, mulheres de Turmalina e de todo o Vale do Jequitinhonha, que fazem a diferença. É por vocês que estamos aqui. E não estamos sozinhas. Trouxemos o coração do presidente Lula conosco. O que estamos construindo é coletivo, e passa pelo reconhecimento da força que vocês representam”, declarou.
Janja também reforçou a importância da participação política feminina. “As mulheres não podem desistir da política. Precisamos estar no parlamento, nos governos, para garantir leis que nos beneficiem e políticas públicas que nos enxerguem. Essa luta é de todas nós”.
A ministra Anielle Franco emocionou o público ao destacar a imagem construída pelo evento. “Esse é o retrato de um governo que cuida e que traz mulheres à frente dos espaços de poder. A presença de Margareth, Janja, Macaé e tantas outras aqui hoje é símbolo da transformação que estamos construindo juntas. É sobre justiça social, identidade e reconhecimento”, afirmou.
Para Décio Lima, presidente do Sebrae Nacional, o protagonismo das mulheres artesãs é essencial para a construção de uma economia transformadora. “Aqui estão as mãos que falam da história linda do nosso país. As mãos que moldam o barro, que bordam a vida, que transformam comunidades. Vocês representam uma economia extraordinária e apaixonante”, disse.
Após a roda de conversa, a comitiva participou de uma vivência com as ceramistas do distrito, que demonstraram as técnicas tradicionais herdadas de gerações de mulheres – algumas delas aprendidas com indígenas Aranã. As peças, que retratam cenas do cotidiano sertanejo, mulheres em diversas fases da vida e rituais simbólicos, são feitas com barro coletado de forma sustentável e pintadas com pigmentos naturais.
História
À tarde, a comitiva conheceu o ateliê de tecelagem local e visitou a Igreja de Nossa Senhora da Piedade, padroeira da cidade.
Turmalina se destaca como polo do artesanato mineiro, com forte presença feminina na produção cultural. Duas associações resumem esse protagonismo: a Associação das Artesãs do Coqueiro Campo, voltada à cerâmica tradicional, e a Soarte, que há quase 30 anos mantém viva a tradição do bordado em tear manual.
No Coqueiro Campo, o barro é moldado com técnica ancestral e sensibilidade, dando forma a peças que retratam a vida sertaneja sob a ótica feminina. Já a Soarte, fundada por Valdete Médice e Dona Duquinha, reúne 15 bordadeiras que transformam fios em obras de arte que representam a identidade local.
Mais que espaços produtivos, essas associações são núcleos de resistência cultural e social, onde o fazer manual é instrumento de memória, solidariedade e autonomia.
Também participam das agendas o Diretor do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, do Iphan/MinC, Rafael Barros; e a secretária de Cultura e Turismo de Turmalina, Junea Orsine.



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