Na noite desta quinta-feira (31), durante a 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), o Ministério da Cultura (MinC) lançou a plataforma MovCEU Streamer, uma tecnologia que promete revolucionar o acesso à cultura em territórios tradicionalmente excluídos das grandes manifestações artísticas nacionais. O momento marcou o início oficial das atividades de transmissão ao vivo do MovCEU Paraty, com transmissão direta para o município de São Félix do Xingu.
“Nós começamos a mudar a perspectiva das políticas, porque estamos entendendo que o Ministério da Cultura precisa ocupar o tamanho do Brasil e o Brasil é muito diverso, é composto por 5.500 municípios e a maioria deles são pequenos. Pela primeira vez eles estão recebendo fomento direto, através das Leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, mas se a gente chegar com o fomento e não tiver o equipamento, onde é que o artista vai se apresentar, onde é que as coisas vão acontecer? Então é muito importante investir em infraestrutura cultural e é muito importante que ela possa chegar em todos os lugares, até naqueles que são mais difíceis da gente atingir”, destacou Márcio Tavares, secretário-executivo do MinC.
A nova plataforma possibilitou a integração com outras atividades culturais do país e a exibição, ao vivo, do que ocorre na Flip, ampliando significativamente o acesso ao evento e promovendo a cultura de forma inclusiva e inovadora. Esta iniciativa representa um salto qualitativo na forma como o país pensa e executa suas políticas culturais, especialmente no que se refere ao alcance territorial.
O destaque da transmissão de estreia do equipamento foi a conexão entre o palco da Flip e a aldeia Tepejati, da Terra Indígena Caiapó, localizada no município de São Félix do Xingu, no Pará. Por meio da nova plataforma de streaming, crianças indígenas, lideranças comunitárias e o cacique Jumá, conhecido pelo nome Copti, puderam participar virtualmente do evento, quebrando barreiras geográficas e tecnológicas que historicamente separaram as comunidades tradicionais dos grandes centros culturais do país.
Realizada através do sistema Starlink de internet via satélite, a transmissão permitiu que os participantes da Flip ouvissem diretamente das lideranças indígenas sobre a importância do programa MovCEU em suas comunidades. “Através desse MovCEU, essas crianças precisam aprender muitas coisas. Nós queríamos que esse móvel de céu viesse de novo para aprender os demais ainda”, declarou uma delas.
A escolha de São Félix do Xingu como uma das primeiras localidades contempladas pelo programa não foi casual. O município paraense, com seus 300 quilômetros de extensão territorial, abriga uma das maiores diversidades étnicas do país, incluindo diversas etnias indígenas e comunidades quilombolas. “Eles falaram: a gente precisa do MovCEU porque a gente tem lugares que não chega nem o correio. A gente não consegue comprar um livro e ele chegar aqui”, relembrou Cecília Sá, descrevendo o momento em que a equipe do Ministério leu a proposta enviada pelo município.
MOVceuConforme explicou Cecília Sá, subsecretária de Espaços e Equipamentos Culturais do MinC, a ideia dos equipamentos itinerantes surgiu desde a retomada do Ministério, junto à necessidade de atender cidades menores, de 30 a 50 mil habitantes, que apresentam um déficit significativo nesse setor. “A gente conversava muito sobre como poderíamos capilarizar ainda mais a infraestrutura cultural, trazer equipamentos que pudessem potencializar as culturas locais e, em especial, as culturas tradicionais”, destacou a subsecretária.
Zezé Porto, prefeito de Paraty, destacou o significado da iniciativa para a cidade histórica e sua comunidade. “Será um grande ganho para toda a população e para todos os moradores da cidade. A gente precisa ter esse olhar especial para todas as comunidades, levando serviços, cultura e educação”, afirmou o gestor municipal.
Cláudio Aquino, secretário municipal de Cultura, abordou como o MovCEU se integra às políticas culturais locais, enfatizando que o equipamento representa uma oportunidade única para Paraty expandir suas atividades culturais para além do período da Flip.
O MovCEU integra o Programa Territórios da Cultura, que busca capilarizar a infraestrutura cultural brasileira, garantindo que a diversidade e a riqueza cultural do país possam ser acessadas e compartilhadas por todos os brasileiros, independentemente de sua localização geográfica. O equipamento, desenvolvido com investimento de R$ 615 mil por unidade, é equipada com biblioteca contendo 500 livros que são renovados anualmente, estúdio completo para produção e edição audiovisual, óculos de realidade virtual, câmera com qualidade cinematográfica, projetor, telão, sistema de som, palco montável e todos os recursos necessários para realizar apresentações, cinema ao ar livre e oficinas de formação artística. Esta estrutura móvel representa uma revolução na forma como a cultura pode ser levada aos territórios mais distantes do país.
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