Os laudos periciais de local de crime, de necropsia e da reconstituição do crime realizados pela Politec (Perícia Oficial e Identificação Técnica) concluíram que o tiro que matou a adolescente Ketlhyn Vitória de Souza, de 15 anos, foi voluntário, e não acidental.
O médico Bruno Felisberto do Nascimento Tomiello, de 29 anos, namorado da vítima, foi o autor do disparo que matou a jovem, na madrugada do dia 3 de maio, em Guarantã do Norte.
O feminicídio aconteceu enquanto o casal estava no carro do médico, ambos alcoolizados.
Bruno foi indiciado por feminicídio, dano ao patrimônio público, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, disparo de arma de fogo, dirigir veículo sob a influência de álcool, entregar veículo automotor a pessoa não habilitada e servir bebida alcoólica a adolescente.
Segundo a Politec, as perícias demonstram que a arma foi disparada de forma regular, mediante o acionamento do gatilho pelo operador. Mesmo assim, não é possível, a partir do laudo, determinar se houve ou não intenção de atirar na vítima.
Reprodução
Perito medindo altura do disparo efetuado por médico
O delegado Waner dos Santos Neves, de Guarantã do Norte, já havia afirmado anteriormente que o tiro que matou a adolescente não havia sido acidental e que Bruno pode até não ter tido a intenção de acertar a namorada, mas “puxou efetivamente o gatilho” e “queria atirar”.
O crime, segundo o delegado, se enquadra como feminicídio com dolo eventual, quando a pessoa “assume o risco de provocar o resultado morte”, mesmo sem que, necessariamente, tenha a intenção de matar.
A reprodução simulada
O laudo de reprodução simulada foi concluído e entregue na terça-feira (27). O documento apontou que houve “compatibilidade com os elementos constantes nos autos do inquérito policial, confirmando a dinâmica previamente estabelecida pela investigação”, diz trecho de nota da Politec.
Na dinâmica apresentada pelo médico em depoimento, o casal saiu de um bar durante a madrugada e, em determinado momento do trajeto, a jovem teria pedido para assumir a direção. Bruno colocou a jovem no colo e, enquanto ela assumia a direção, ele efetuou o disparo.
Ele afirmou ao delegado que não tinha a intenção de matar a vítima e que atirou pensando que a arma estivesse desmuniciada.
Ao todo, a Polícia requisitou dez laudos periciais, sendo que destes, três já foram concluídos.
Segundo a Politec, a classificação de tiro acidental é utilizada quando há “produção do tiro sem o acionamento do gatilho, devido à falha da segurança do armamento e anomalias em suas peças, o que não ocorreu no caso em questão”, diz trecho da nota.
O tiro atingiu a vítima na região da nuca, produzindo marcas de sangue características do efeito desse tipo de disparo. O projétil foi recuperado no interior do veículo; já o estojo balístico não foi localizado.
A perícia analisou o trajeto do tiro, apontado no laudo de necropsia e identificou que é compatível com as marcas contidas no interior do veículo. Na reprodução simulada, os peritos analisaram os pontos convergentes ou divergentes das declarações do atirador, confrontando-os com os apontamentos dos laudos periciais.
Na reprodução da cena, os peritos constataram o alinhamento da saída do cano da arma com o posicionamento da cabeça da vítima coincidindo com a trajetória do projétil que foi encontrado alojado na coluna lateral esquerda do Hyundai Creta em que o casal estava.
Durante a reprodução simulada, Bruno confirmou todas as informações contidas em seu interrogatório no Inquérito Policial.
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