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“Queremos mais mulheres em lugares de poder, é um direito que a própria natureza nos dá”, enfatiza Margareth Menezes em abertura da COP das Mulheres



A agenda desta sexta-feira (14), em Belém (PA), foi marcada por conexões profundas entre cultura, justiça climática e protagonismo feminino. Pela manhã, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, participou da mesa de abertura de A COP das Mulheres: Justiça Climática com Protagonismo Feminino. O encontro reuniu lideranças como Luiza Helena Trajano, Márcia Lopes, Hanna Gassan, Ursula Vidal e Paula Gomes, fortalecendo o compromisso conjunto de colocar mulheres no centro da transição climática do Brasil. “Queremos mais mulheres em lugares de poder, sim, e é um direito que a própria natureza nos dá”, discursou durante o debate, que aconteceu paralelamente à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30).
Margareth Menezes reforçou que o Ministério da Cultura só alcançou o nível atual de integração graças ao trabalho coletivo — e feminino: “Tudo isso passa por mulheres também”. E, também lembrou a força das referências maternas, que ensinam “coisas importantes para nossa vida”.
A ministra destacou a diversidade cultural brasileira como alicerce desse processo. “A cultura brasileira é gigante e, onde a gente chega, há um diferencial. Na base disso está a presença das mulheres”, salientou.
A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, foi contundente ao reafirmar que a crise climática exige liderança feminina real, e não simbólica. “Porque toda vez que uma política ignora as mulheres, ela fracassa. E toda vez que uma política coloca as mulheres no centro, ela transforma realidades”, afirmou.
De acordo com a titular do Ministério da Cultura (MinC), enfrentar o colapso ambiental implica democracia com rosto de mulher, respeitando saberes territoriais, especialmente de ribeirinhas, indígenas, marisqueiras, quilombolas e periferias urbanas. “As mulheres dos rios, das ilhas, das comunidades tradicionais, das periferias… nos mostram que defesa do clima é inseparável da defesa da vida”, completou.
A mesa também reforçou programas sociais, como o “cheque mãe” e iniciativas que ampliam educação integral, essenciais para autonomia e trabalho feminino. Luiza Trajano, fundadora e líder do Grupo Mulheres do Brasil, rememorou que o apoio direto às mulheres “permite criar os filhos e manter a vida funcionando”.
Para ela, políticas públicas são o caminho mais eficaz para reduzir desigualdades: “Nós queremos políticas públicas, que é ela que muda o país”. A líder ainda destacou ainda o crescimento do grupo, hoje com 136 mil mulheres em atuação no Brasil e no exterior.
A secretária de Cultura do Pará, Ursula Vidal, enfatizou a potência da presença feminina. “Quando a gente chega pra falar, a gente incomoda”, declarou. Sobre a ministra da Cultura, pontuou: “Ela se coloca no lugar das mulheres daquele território, daquelas crianças. A gente sabe fazer política pública, a gente sabe contribuir”.
Na plateia da plenária estiveram autoridades do MinC, como a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC), Márcia Rollemberg, e a presidenta da Fundação Nacional das Artes (Funarte), Maria Marighella.
Cultura como direito e como força de transformação
Ainda pela manhã, a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, Márcia Rollemberg, participou do painel Mulheres no Clima da Cultura – Política Nacional para as Mulheres – Trajetórias, da COP das Mulheres. A dirigente reforçou que cultura é também escolha política e horizonte civilizatório.
Rollemberg destacou a ampliação dos direitos culturais — do bem viver aos direitos da natureza — e o papel fundamental da Cultura Viva, que completa 21 anos e hoje destina cerca de R$ 3 bilhões por ano a estados e municípios, com forte presença feminina nos pontos de cultura.
A secretária também apresentou políticas afirmativas para mulheres negras, indígenas e pessoas com deficiência: “A gente quer ter uma revolução concreta com política pública. São direitos reais”.



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