A ministra da Cultura, Margareth Menezes, participou da Festa de Nossa Senhora da Boa Morte, em Cachoeira (BA), nesta sexta-feira (15), acompanhada das primeiras-damas do Brasil, Janja Lula da Silva, e da Bahia, Tatiana Velloso, e das ministras Anielle Franco (Igualdade Racial), e Macaé Evaristo (Direitos Humanos e da Cidadania). A agenda conjunta foi marcada por homenagens, anúncios e assinatura de políticas públicas voltadas à valorização da cultura afro-brasileira, à preservação do patrimônio e à promoção da igualdade racial.
“Hoje é um dia de celebração e de renovação do dever e compromisso do Estado brasileiro com o povo e com a cidade de Cachoeira. Esse encontro é uma oportunidade de celebrarmos, defendermos e preservarmos nossa herança negra, nossas manifestações e expressões culturais tradicionais, nossas casas de culto e nossas expressões artísticas”, comemorou Margareth Menezes.
Durante a cerimônia, Dona Dalva Damiana de Freitas, sambista e referência do samba de roda do Recôncavo Baiano, recebeu a medalha da Ordem do Mérito Cultural (OMC), concedida à ela após a retomada da honraria, em março. A Fundação Nacional de Artes (Funarte) também entregou uma placa de reconhecimento à sua trajetória artística e contribuição à cultura brasileira. Além disso, a Casa do Samba de Roda de Dona Dalva será contemplada com recursos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Novo PAC. O recurso será utilizado no restauro do espaço, por meio da contratação de projetos no âmbito do patrimônio cultural.
“Tudo para mim se tornou farto! Obrigado, meu Deus, por todo reconhecimento. Porque o reconhecimento da vida é o respeito, é considerar, é obedecer, é ser tratada como eu sou tratada”, agradeceu emocionada a sambista.
“Dona Dalva é uma das maiores referências do Samba de Roda do Recôncavo Baiano. Junto à Associação Cultural que leva seu nome, teve papel essencial no reconhecimento do Samba de Roda como Patrimônio Imaterial pelo Iphan e como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Ela mantém vivo um trabalho artístico, histórico e comunitário que ensina e inspira novas gerações”, parabenizou a ministra Margareth.
Foto: Amanda Tropicana/MinC
A titular do MDHC, Macaé Evaristo, destacou que o “nosso país precisa cuidar, cada vez mais, da nossa memória, da nossa tradição”. A ministra ainda relacionou a importância de políticas culturais para a promoção da igualdade racial: “É por meio da cultura que muito da nossa história de resistência foi contada”.
A agenda incluiu ainda a entrega da Placa de Tombamento como Patrimônio Cultural ao Terreiro Ilê Axé Icimimó Aganju Didè. Também por meio do Novo Pac, o Iphan, beneficiará o espaço com recursos para a contratação de projetos voltados à preservação patrimonial. A decisão cristaliza princípios fundamentais: o dever do Estado de proteger e salvaguardar o patrimônio imaterial e a liberdade de culto, garantindo o direito inegociável de viver a fé sem medo, frisou a ministra Margareth.
Povos de Terreiro
O ato também marcou a adesão à Política Nacional para Povos de Terreiro, parceria entre o MinC e o Ministério da Igualdade Racial (MIR). A ação representa a adesão de 12 prefeituras baianas ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), representadas pela prefeita de Cachoeira, Eliana Gonzaga.
A Irmandade da Boa Morte descerrou a Placa de Promotora da Igualdade Racial, oferecida pelo MIR.
“Igualdade racial, sim, é importante e isso faz com que um país seja mais democrático e diverso”, afirmou Anielle Franco. “Lembrar de onde a gente vem é reconhecer aquelas que vieram antes de nós, lembrar de onde a gente vem é ter memória viva que tanto tempo tentaram invisibilizar, apagar e silenciar. Mas, entender a importância que vocês tem para além da cultura, para além da memória e para a resistência desse espaço”, disse a ministra Anielle.
“Mais uma vez, o governo do estado presente reafirmando o nosso reconhecimento, o nosso respeito a essa tradição, à fé, à representatividade, à resistência que as senhoras representam ao serem a história viva de Cachoeira, da Bahia e do Brasil”, mencionou Bruno Monteiro, secretário da Cultura da Bahia.
A presidenta da Funarte, Maria Marighella; o secretário de Formação, Livro e Leitura (Sefli), Fabiano Piúba; e a provedora das celebrações e festejos da Boa Morte 2025, Neci Santos Leite também estiveram presentes na mesa de honra do evento. Autoridades baianas também marcara presença na atividade.
Foto: Amanda Tropicana/MinC
Cortejo
Depois do encerramento da cerimônia, a comitiva saiu em cortejo, por cerca de 100 metros, e seguiu para a Missa Solene na Igreja Matriz de Cachoeira. Ao final da celebração, tomou posse a comissão da Boa Morte 2026.
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