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Crédito, Getty Images
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- Author, Ali Abbas Ahmadi
- Role, Da BBC News
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu uma ordem executiva nesta quarta-feira (6/8) impondo uma tarifa adicional de 25% sobre a Índia porque o país compra petróleo da Rússia.
O governo americano também ameaça com “possível imposição de tarifas semelhantes a outros países que importam, direta ou indiretamente, petróleo da Federação Russa”. Esse é o caso do Brasil.
Em maio, em visita a Moscou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou que 70% do óleo diesel importado pelo Brasil vem da Rússia.
Historicamente, as importações brasileiras de diesel são oriundas dos Estados Unidos, mas este cenário mudou quando Europa impôs um embargo ao petróleo e aos derivados russos, em resposta à guerra na Ucrânia. Isso fez com que o diesel russo fosse redirecionado a partir de 2023 para outros países, principalmente o Brasil e Turquia, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Além disso, o Brasil é um grande importador de fertilizantes russos – e a soja é a principal cultura consumidora de fertilizantes no país. Portanto, a nova justificativa de Trump para impor tarifas comerciais já causa preocupação no governo e setores econômicos brasileiros.
Segundo o texto da ordem executiva de Trump desta quarta, a nova alíquota da Índia será “efetiva para mercadorias destinadas ao consumo, ou retiradas de armazém para consumo, a partir das 0h01 (horário da costa leste dos EUA), 21 dias após a data desta ordem”, no próximo dia 27.
Anteriormente, o presidente americano já havia alertado que aumentaria as tarifas, afirmando que a Índia “não se importa com quantas pessoas estão sendo mortas na Ucrânia pela máquina de guerra russa”.
“As ações da Federação Russa na Ucrânia representam uma ameaça contínua à segurança nacional e à política externa dos Estados Unidos, exigindo medidas mais rigorosas para lidar com a emergência nacional”, afirmou um comunicado da Casa Branca.
“A importação de petróleo da Federação Russa pela Índia enfraquece os esforços dos EUA para conter as atividades nocivas da Rússia.”
O governo indiano já havia classificado como “injustificada e irracional” a ameaça de Trump de aumentar tarifas devido à compra de petróleo russo.
Em uma declaração anterior, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Randhir Jaiswal, afirmou que os EUA haviam incentivado a Índia a importar gás russo no início do conflito, “para fortalecer a estabilidade dos mercados globais de energia”.
Segundo ele, a Índia “passou a importar da Rússia porque os fornecedores tradicionais foram desviados para a Europa após o início do conflito”.
Nesta quarta, em nota, o Ministério das Relações Exteriores da Índia disse que as importações do país “são baseadas em fatores de mercado e realizadas com o objetivo geral de garantir a segurança energética de 1,4 bilhão de pessoas da Índia”
O governo de Nova Delhi disse que é “extremamente lamentável que os EUA tenham escolhido impor tarifas adicionais à Índia por ações que vários outros países também estão tomando em seu próprio interesse nacional”.
Trump x Rússia
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Trump já havia dito em julho que os EUA imporiam tarifas secundárias contra os parceiros comerciais da Rússia caso um acordo de paz com a Ucrânia não fosse alcançado.
O último prazo dado por Trump para um acordo sobre a guerra termina na sexta-feira (8/8).
A nova investida tarifária faria com que qualquer país que tenha comércio com a Rússia pagasse a taxa se quisesse vender seus produtos aos EUA.
O objetivo de Trump é conseguir prejudicar a economia russa. Teoricamente, se Moscou não conseguir gerar receita com a venda de petróleo a outros países, também terá menos dinheiro para financiar sua guerra contra a Ucrânia.
Como petróleo e gás representam quase um terço da receita do Estado russo e mais de 60% de suas exportações, as tarifas secundárias poderiam causar um impacto significativo nas finanças do país.
Petróleo e gás são as maiores exportações da Rússia, e os principais clientes de Moscou incluem China, Índia e Turquia.
A Rússia continua sendo o terceiro maior produtor de petróleo do mundo, atrás apenas da Arábia Saudita e dos próprios EUA. Mas seus embarques têm caído este ano, segundo análise da Bloomberg baseada em dados de rastreamento de navios.