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Valorização dos conhecimentos tradicionais em universidades e escolas abre debates do Seminário Internacional na Chapada dos Veadeiros



A presença de Mestras e Mestres e seus conhecimentos ancestrais em universidades, escolas e demais espaços educacionais foi tema, nesta quinta-feira (18), do primeiro painel do Seminário Internacional de Culturas Tradicionais e Populares e Justiça Climática. O evento, aberto oficialmente na quarta-feira (17), deu início à série de debates na Vila de São Jorge, na Chapada dos Veadeiros (GO).
No primeiro painel, os participantes compartilharam experiências e refletiram sobre os desafios contemporâneos para reconhecer a importância dessas práticas culturais, marcadas pela oralidade e vivências nos territórios, para a formação da identidade cultural do Brasil e para os conhecimentos acadêmicos.
No encontro foi apresentada a recente parceria celebrada entre o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural, com o Instituto Federal do Ceará, para realizar atividade de pesquisas e vivências educativas sobre notório saber. O projeto envolve outras instituições como as universidades federais de Brasília, de Minas Gerais e da Bahia.
“Essa é uma pauta extremamente importante para a nossa realidade social. Temos o compromisso de fazer um consórcio, em que os Mestres serão incluídos no processo de ensino, farão disciplinas com professores, pesquisas com os pesquisadores e também atividades de extensão, levando os estudantes e professores para os seus territórios, para que a gente possa compartilhar esses conhecimentos acadêmicos e populares. E assim, a gente terá um conhecimento mais engrandecido e faz uma confluência de saberes”, explicou o professor do Instituto Federal do Ceará, Aterlaine Martins.
Convidado para compartilhar sua experiência com tema, o pró-reitor da Universidade Federal da Bahia, Guilherme Bertissolo, destaca que o evento representa uma oportunidade de articulação e implementação de políticas políticas públicas para as culturas tradicionais e populares.
“Esse seminário pode possibilitar, através do consórcio do Notório Saber, uma articulação nacional, para que a gente possa aprofundar essa ideia e, sobretudo, da contratação de Mestres e Mestras para que possam, de fato, mudar o contexto das nossas universidades e possibilitar uma pluralidade epistemológica cada vez mais aprofundada em nossas instituições”, acrescentou.
Diversos Mestres e Mestras reafirmaram a necessidade urgente das instituições de ensino reconhecerem e valorizarem os conhecimentos ancestrais. Raizeira e vice-presidente da Rede Cerrado (GO), Lucely Pio, comentou que o Notório Saber é uma forma de preservar a continuidade dessas práticas culturais. “É muito importante que as universidades incluam essa disciplina. Os Mestres nas universidades vão poder ensinar aos jovens nossa cultura e o respeito aos nossos ofícios. Eles estão dispostos a aprender, mas muitos não têm condições de ter esse contato na sala de aula. Só temos certeza que uma coisa não vai morrer com a gente quando a ensinamos a outras pessoas”, defendeu.
A diretora de Educação e Formação Artística, da Secretaria de Formação Artística e Cultural, Livro e Leitura do MinC, Mariangela Ferreira Andrade, destacou as iniciativas realizadas para viabilizar a presença de Mestras e Mestra nas escolas de tempo integral, por meio da pactuação com os estados e da Rede de Escolas Livres. Essa ação também prioriza o ensino das culturas afro e indígenas. “Para o saber não findar na mão daquele que é detentor do saber, é preciso envolver as crianças e adolescentes”, afirmou.
Antes das discussões do painel, representantes das culturas tradicionais e populares saudaram os participantes do evento, com músicas e danças típicas de seus territórios, como representantes do Quilombo kalunga e do Povo Matis. A programação desta quinta-feira seguiu ainda com as mesas sobre patrimônio cultural e salvaguardas e proteção das expressões e conhecimentos tradicionais e populares.
Sobre o evento
O Seminário Internacional Culturas Tradicionais e Populares e Justiça Climática é uma realização do MinC, do Instituto Federal do Rio Grande do Norte, da Casa Cavaleiro de Jorge, com o patrocínio da Caixa Econômica Federal e o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Governo do Distrito Federal. A programação segue até sábado (20) e faz parte do 25º Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros.



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