Os impactos que podem ser gerados pela taxação dos Estados Unidos em 50% aos produtos brasileiros estão gerando preocupação na Prefeitura de Várzea Grande devido ao temor de queda na arrecadação e desemprego. Frigorificos instalados na cidade são grandes exportadores de carne para os norte-americanos.

Com certeza havendo essa taxação nós vamos ter uma diminuição e alterar muito nossa arrecadação no município
Na quarta-feira (30), uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo revelou que o complexo da Marfrig em Várzea Grande havia pedido junto ao Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) a paralisação temporária de sua produção por motivos comerciais.
Entretanto, procurada pelo MidiaNews, a empresa chamou a informação de improcedente e negou qualquer tipo de paralisação temporária no município. Segundo a Marfrig, a fábrica segue operando normalmente e o comunicado ao Mapa foi de uma notificação sobre redirecionamento de mercadoria.
Porém, a possibilidade do setor ser afetado em um futuro próximo preocupa Várzea Grande, cidade que tem oito plantas frigoríficas e boa parte da economia voltada para o setor de carnes. A carne foi um dos produtos que não entraram na lista de exceções dos EUA e deve sofrer taxas de 50% a partir de 6 de agosto.
A prefeita Flávia Moretti (PL) disse que está “muito preocupada” e que encomendou que sua equipe econômica faça um estudo para saber o impacto fiscal que o município poderá ter.
“Eu não fiz o [estudo de] impacto fiscal ainda, mas pedi para a [equipe] fazendária fazer um levantamento para ver onde podemos ter uma compensação. Mas fiquei muito preocupada”, disse Moretti nesta quinta-feira (31).
“Frigorificos são os que mais contribuem para o ICMS e nós somos a segunda maior arrecadadora de ICMS de Mato Grosso por conta dos frigoríficos em nosso município. Com certeza havendo essa taxação nós vamos ter uma diminuição e alteração grande na nossa arrecadação do município”, analisou.
Além da arrecadação, a Prefeitura teme uma possível onda de desemprego, caso ocorram fechamento de plantas.
A prefeita afirmou também que ainda não conversou com o setor para saber mais detalhes e que havia ouvido a informação da suposta paralisação da Marfrig pela imprensa.
Flávia reclamou também dos repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) à cidade que, segundo ela, arrecada mais de R$ 120 milhões em ICMS e só recebe de volta cerca de 13% disso.
Posicionamento da Marfrig
Em nota enviada a reportagem, a empresa reforçou que não houve paralisação nenhuma na cidade e destacou que, nacionalmente, a importação de carne para os Estados Unidos representa porcentagem ínfima das exportações do grupo.
“O total de exportações de carne bovina e processados para os Estados Unidos das unidades do Brasil foi de 7 mil toneladas o que representa 1,40% do total de toneladas vendidas da Operação América do Sul e 0,18% do total de toneladas vendidas da Companhia Consolidada.
Nossas operações no Brasil continuam operando normalmente, sem interrupções nas linhas de produção e em plena capacidade, sem impactos na receita e na rentabilidade da Companhia decorrentes dos efeitos da nova política tarifária dos Estados Unidos”, diz trecho da nota.
A Marfrig tem na unidade de Várzea Grande a maior planta de abate de bovinos da empresa no Brasil, com capacidade para abater até 2 mil cabeças de gado por dia, e também possui uma fábrica de processados que produz hambúrgueres, gerando centenas de empregos.