O delegado Caio Albuquerque, titular da DHPP, descreveu como “frio” e “irônico”, no momento da prisão, o empresário de Primavera do Leste César Jorge Sechi. Ele e sua esposa, Julinere Goulart Bentos, foram presos nesta sexta-feira (9) suspeitos de encomendar a morte do advogado Renato Nery, morto em julho de 2024 em Cuiabá.
Bastante frio, de certa forma, um pouco até, como se pode se dizer, irônico. Ele alega que é um completo equívoco
Um vídeo feito pela reportagem do MidiaNews mostrou a chegada dos empresários na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa. César desembarcou da viatura com um semblante sorridente.
Sem falar com a imprensa, ele entrou nas dependências da DHPP para prestar seu depoimento e negou ter envolvimento no crime. “Bastante frio, de certa forma, um pouco até, como se pode se dizer, irônico. Ele alega que é um completo equívoco”, explicou o delegado.
“Pelo que a gente percebe do comportamento dele, ele acredita que nada vai ficar comprovado, e até que ele consiga a liberdade. Mas temos elementos suficientes para dizer que ele é um dos mandantes”.
Segundo Albuquerque, esses elementos não são apenas testemunhais, mas também documentais.
“Temos elementos que podem ser documentais e falas de pessoas próximas a ele que o apontam. No final as coisas vão se afunilando e é natural de qualquer investigação. Um vai entregando o outro, isso acontece”, afirmou.
Para o delegado, por trás dessa ironia do empresário, está a “consciência de que a verdade chegou”, e as cenas registradas pela imprensa são “mais uma prova de que [essa] não é uma fala isolada da Polícia”. “Vocês mesmo viram com os olhos como é o comportamento [do empresário]”.
Segundo o delegado, para a Polícia não restam dúvidas de que César é um dos mandantes do crime.
“Temos certeza do que a gente tem e acreditamos piamente que tanto o Ministério Público, quanto o Poder Judiciário estão atentos a esses elementos de prova que tem cada um desses investigados, e que essas prisões serão mantidas”.
Veja
Caso Renato Nery
Renato Nery morreu aos 72 anos, atingido por disparos de arma de fogo no dia 5 de julho do ano passado, na frente de seu escritório, na Capital.
O advogado foi socorrido e submetido a uma cirurgia em um hospital privado de Cuiabá, mas morreu horas após o procedimento médico.
Julinere e César foram presos após a confissão do policial militar Heron Teixeira Pena Vieira, acusado de ser o “arquiteto” do crime, que está preso desde o dia 7 de março. Segundo ele, foram pagos R$ 150 mil pelo homicídio.
Conforme Albuquerque, a única linha de investigação sobre a motivação do crime é de que Renato tenha tido a morte encomendada por uma disputa envolvendo uma propriedade rural avaliada em R$ 30 milhões.
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