Início GERAL Criminosos transmitiram vídeo matando e tirando pele de gato

Criminosos transmitiram vídeo matando e tirando pele de gato



A Polícia Civil relevou detalhes da investigação da Operação Mão de Ferro 2, que foi deflagrada na manhã desta terçã-feira (27) para combater crimes cibernéticos em Mato Grosso.

Eles tinham subordinação, organização e cometiam crimes como falsidade ideológica, ameaça, extorsão e armazenamento de pornografia infantil

 
Um dos casos mais graves ocorreu na plataforma Discord, onde cerca de 400 pessoas assistiram a uma live ao vivo em que um adolescente matou um gato.
 
“Eles cortaram o animal, tiraram a pele e comentavam: ‘Agora espeta o olho, corta a cabeça'”, disse o delegado Gustavo Godoy, responsável pelas investigações do caso.
 
Um adolescente de Rondonópolis era administrador do grupo onde a transmissão ocorreu, mas não o executor. O Ministério da Justiça rastreou os envolvidos e repassou os dados às polícias estaduais.  

 
Os crimes cometidos pelo grupo eram diversos. Foram identificadas três vítimas (duas em São Paulo e uma no Ceará) dos crimes cibernéticos, mas muitas desativaram redes sociais e não quiseram depor. Havia no grupo menores infratores de 15 e 17 anos, mas também maiores de idade, que foram presos.
 
O líder do grupo, que usava o pseudônimo “Minoruza Heikei” (referência a um anime sobre destruição), era alvo de bullying na escola segundo relatos dele a Polícia.
 
“No mundo real, ninguém gosta de mim, mas na internet eu sou o cara”, disse ele durante interrogatório. Apesar de ter os celulares apreendidos em 2023, os pais liberaram dois novos aparelhos sem monitoramento.  
 
A ação foi coordenada pela Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCI) e resultou em três prisões temporárias (duas no Amazonas e uma no Pará), uma prisão em flagrante em São Paulo, seis internações (incluindo um adolescente em Rondonópolis, líder do grupo) e 16 buscas e apreensões, sendo uma em Sinop.  
 
O delegado detalhou que o grupo era estruturado com líderes, sublíderes e “envolvidas” – adolescentes que recrutavam vítimas.
 
“Eles tinham subordinação, organização e cometiam crimes como falsidade ideológica, ameaça, extorsão e armazenamento de pornografia infantil”, afirmou.
 
O líder não tinha computador e usava apenas os celulares para aplicar golpes. Ele criou uma conta bancária falsa no nome de uma mulher, a “conta Lara” (laranja), para receber pagamentos pela venda de fotos íntimas de menores.  
 
Foi destacado que o grupo criminoso lucrava com a venda de conteúdo de pedofilia e imagens íntimas de menores, utilizando plataformas como Telegram e Discord. Os delegados revelaram que os adolescentes envolvidos vendiam fotos e vídeos por valores entre R$ 5 e R$ 10, chegando a lucrar até R$ 3 mil mensais.
 
Extorsão e automutilação  
 
As vítimas eram coagidas a enviar nudes e depois chantageadas. “Se você não fizer o que eu mando, vou divulgar suas fotos para a escola, para seus pais”, diziam os criminosos.
 
Algumas meninas eram obrigadas a beber água do vaso sanitário, comer papel amassado com nomes dos agressores ou se automutilar.
 
“Tinham conversas ensinando como se cortar para deixar menos marcas”, relatou Godoy. Os criminosos invadiam bancos de dados de secretarias de Saúde e Educação para obter informações das famílias e ameaçar os pais.  
 
Falta de supervisão parental 
 
Godoy criticou a omissão dos responsáveis. “Como um adolescente com dois celulares, que confessou crimes na frente da mãe, volta a agir impunemente?”.
 
A mãe do líder alegou que ele estava no espectro autista, mas o delegado contestou. “Isso não justifica maldade. Ele sabia que era errado e usava documentos falsos”.
 
O adolescente foi internado, assim como uma participante de Sinop, que tinha marcas de automutilação e ensinava outras vítimas a se cortarem.  
  
Os dispositivos apreendidos serão analisados para identificar mais vítimas e responsáveis. “Isso é só a primeira fase. Tem muita gente para ser responsabilizada”, disse Godoy.
 
O Ministério da Justiça e plataformas como Discord e Telegram cooperaram com as investigações. O delegado reforçou: “A internet não é terra sem lei. A Polícia pode rastrear qualquer um, mesmo com e-mails falsos e nicknames”.
 
Veja o vídeo:
 

 



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