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Festival e Seminário Cultura Infância e Natureza destacam o protagonismo das crianças na defesa do planeta — Ministério da Cultura



Com a participação de crianças de diferentes territórios, educadores, gestores culturais, pesquisadores, artistas e sociedade civil, o Festival e Seminário Cultura Infância e Natureza: Agir pelo Planeta teve início nesta quinta-feira (9), com a mesa Vozes das Infâncias, que trouxe reflexões sobre o protagonismo das crianças nas políticas de cultura e nos debates sobre ações climáticas. A atividade em prol do meio ambiente e da infância, é realizada pelo Ministério da Cultura (MinC), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Museu do Amanhã, local de realização do evento, no Rio de Janeiro. 
Segundo a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, Márcia Rollemberg, a realização do evento faz parte de uma ação do Ministério da Cultura para fortalecer os direitos culturais das crianças e do compromisso do Estado brasileiro de garantir que elas tenham uma infância segura e pleno desenvolvimento. Ela reforçou ainda a importância da cultura na defesa do meio ambiente. 
“Hoje, a gente tem quase 10 mil Pontos de Cultura no país. Desses, 2.800 trabalham diretamente com a cultura e infância, mas a grande maioria dos pontos tem a cultura e infância como um objetivo, como um público, envolvendo as crianças como protagonistas, não só como receptoras, mas como sujeitos que fazem a cultura acontecer. A arte tem esse poder de nos humanizar, de nos fazer mais felizes, de nos conectar com o mundo mágico. É isso que a gente quer: mudar o planeta para melhor,  cuidar da nossa mãe terra e poder, com as crianças, fazer política pública”, acrescentou Márcia. 
Presente na solenidade, a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, defendeu a cultura como um pilar essencial na formação integral das crianças. Lembrou que o debate sobre natureza e infância deve considerar a diversidade dos territórios brasileiros. “As infâncias têm possibilidades muito diferentes de viver essa experiência com a natureza em razão dos biomas onde elas estão. Na verdade, crianças indígenas e crianças quilombolas hoje são as maiores vítimas de violência porque estão lutando pelos seus territórios numa possibilidade de ter uma outra relação com o planeta. É sensacional ter um festival que articula a cultura, o debate ambiental e que as crianças que estão aqui vão construir uma carta para os nossos defensores de direitos humanos, ambientalistas, professores, jornalistas, educadores que vão estar na COP30”. 
A representante adjunta do Unicef no Brasil, Layla Saad, trouxe o alerta sobre os impactos da crise climática na vida das crianças e adolescentes, citando como exemplos as enchentes do Rio Grande do Sul e a seca na Amazônia, ambas em 2024. “A crise climática é uma ameaça muito grande. Hoje, no Brasil, a gente está com mais de 40 milhões de crianças e adolescentes que vivem expostos a algum tipo de risco climático e, no ano passado, a gente teve mais de 1 milhão de crianças e adolescentes com a educação interrompida por causa da enchente do Rio Grande do Sul e da seca do Amazonas. A gente não consegue enfrentar uma crise climática sem participação, sem cidadania e sem valorizar as sabedorias e os modos de vida tradicionais. A cultura em suas múltiplas formas é uma ferramenta muito poderosa de transformação, de educar, de engajar e de sensibilizar indivíduos”, argumentou. 
Já a vice-reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Cássia Curan Turci, defendeu a importância de ampliar os debates para fora do campo acadêmico e de promover a escuta e a conscientização das crianças sobre a necessidade de mudar hábitos para proteger o planeta. “Quando se fala de cultura, infância e natureza, a gente está valorizando todas as áreas do conhecimento. É possível fazer tudo com arte, mas com muita seriedade, e pensando que esse país precisa de nós e precisa das nossas crianças sendo formadas como cidadãos, de fato, e não apenas pessoas com formação técnica”, completou. 
A mesa contou ainda com a participação do diretor-geral do Museu do Amanhã, Cristiano Vasconcelos; da representante do Instituto Alana, Ana Cláudia Leite; e a fala inspiradora de Shirley Djukurnã Krenak, cineasta indígena e Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). As apresentações artísticas ficaram por conta da Orquestra Aprendiz Musical de Niterói e da bateria Mangueira do Amanhã.
Terra Sonhada: a carta das crianças para a COP30
Um dos resultados do Festival e Seminário será a Carta das Crianças pelo Planeta, a ser entregue na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – COP30, que ocorrerá na cidade de Belém (PA), em novembro. O documento está sendo elaborado por um grupo de crianças indicadas pela rede de Pontos e Pontões de Cultura Infância e que participam da oficina Terra Sonhada, no âmbito da programação do Festival e Seminário. 
Entre as crianças envolvidas na atividade, Francisco Zulu, de 12 anos, já aprendeu que a construção de um mundo justo e sustentável depende do respeito às diferenças e que o cuidado com o planeta é urgente. “As pessoas estão pensando se tem vida em Marte, se pode ter civilização lá. Mas temos que cuidar é do nosso planeta, é aqui que nós vivemos. Eu quero uma sociedade em que a gente possa pensar no outro e viver em conjunto, como em um quilombo”. 
A pequena indígena Iasyara Viana, de 9 anos, representante da Paraíba, compartilhou a experiência de seu território com os reflexos da falta de preservação ambiental. “O mundo precisa que as pessoas parem de jogar lixo nos rios. Os rios deveriam ser mais limpos porque a vida de um rio é a mesma coisa da vida de um ser humano. O rio é muito importante para a gente. Onde eu mais gosto de brincar é no rio, mas não posso mais porque o rio está poluído e ninguém mais pode entrar”, relatou. 
No total, 15 crianças e suas famílias estão envolvidas na oficina, que é coordenada pela diretora do Museu da Imaginação, Rita Oenning da Silva. 
Realização 
O evento é realizado pelo MinC, por meio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural, do Laboratório de Arte, Cultura, Acessibilidade e Saúde (LACAS) do Departamento de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina, do Fórum de Ciência e Cultura, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e do Museu do Amanhã. 
Conta com a parceria do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro, do Instituto Alana, da Companhia Cultural Bola de Meia, da Usina da Imaginação, da Prefeitura do Rio de Janeiro e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Também mobiliza a participação ativa de Pontos e Pontões de Cultura da Política Nacional de Cultura Viva, que fortalecem práticas culturais, educativas e ambientais nos territórios.
Programação 
O Festival é composto por vivências culturais e artísticas, contando com oficinas, brincadeiras, música e experiências interativas, proporcionadas por Pontos de Cultura, projetos realizados pela UFRJ e pelo Museu do Amanhã. Trata-se de um espaço de celebração da diversidade cultural da infância, com atividades abertas ao público no Museu do Amanhã, entre os dias 9 e 12, nos períodos da manhã e da tarde.
Já o Seminário conta com mesas de diálogo e debates com especialistas, mestres e mestras de saberes tradicionais e populares, gestores culturais, pesquisadores e as próprias crianças. Nesta sexta-feira (10), a programação começará às 14h30, no Teatro Pedro Calmon, na UFRJ, com a mesa Cultura Infância e Linguagens: Arte, Corpo, Memórias e Inclusão. Na sequência, ocorrerá a exibição do filme inédito “Do colo à Terra”, um documentário do Território do Brincar, patrocinado pelo Instituto Alana, que retrata as vivências de crianças de comunidades indígenas Guarani Kaiowá, Guarani Nhandeva, Baniwa e Khisêtjê. Após a exibição, haverá o bate-papo com a diretora Renata Meirelles.
No sábado (11), serão realizadas duas mesas, na Arena COP, espaço dentro do Museu do Amanhã. A primeira, às 10h30, abordará o tema Saberes e Fazeres da Cultura Infância: Ancestralidade e Práticas Inspiradoras. A segunda, às 14h, será focada em Infâncias e Culturas: Memórias Ancestrais, Diversidade e Futuros do Planeta. Em seguida, o evento será encerrado às 17h, com a entrega da Carta das Crianças pelo Planeta.



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